Desequilíbrio nas contas

Baixa capacidade de investimento público atrasa desenvolvimento do país, afirmam tucanos

A falta de investimentos em infraestrutura e logística revela, mais uma vez, a  incapacidade da presidente Dilma Rousseff em tocar obras importantes. A avaliação é dos deputados César Colnago (ES) e Raimundo Gomes de Matos (CE), que se mostraram preocupados com a desaceleração dos investimentos públicos, impedindo assim o crescimento do Brasil.

Ao invés de aumentarem, os investimentos caíram neste ano em relação a 2011. As aplicações estão na contramão das necessidades do país, que precisa, no mínimo, duplicar os aportes em infraestrutura e logística para crescer de forma sustentável a 4% ao ano. Dos R$ 102,3 bilhões disponíveis no Orçamento Geral da União para investimentos em 2012, somente 44% foram usados até setembro, ou seja, R$ 45 bilhões, segundo informações do jornal “O Globo”. O que já era ruim ficou pior: o valor gasto é proporcionalmente menor do que no mesmo período de 2011, quando foram aplicados 47%.

Esses investimentos – atualmente em torno de 2% do PIB – deveriam saltar para a faixa de 4% a 6%, na visão do consultor e especialista Claudio Frischtak. Ele acrescenta que, investindo menos de 3%, o Brasil não cobre nem a depreciação do capital físico per capita.

Colnago considera fundamental que um país tenha capacidade de poupança e de investimento. Na sua opinião, o governo petista não cuida bem do gasto público. “A presidente sempre se colocou como boa gestora, mas, ao mesmo tempo, diminui a capacidade de investimento, o que é muito ruim para a sociedade”, lamentou.

O deputado defendeu mais controle nos gastos. Para ele, essa seria a forma de investir mais e melhor o dinheiro público. “Mas o que se vê é um governo que gasta mal, sem controle e sem equilíbrio fiscal. Com isso, perdemos oportunidades”, disse. Segundo o tucano, o país poderia estar muito bem pela sua capacidade de produção industrial. Mas o desequilíbrio das contas faz com que a nação fique para trás, acrescentou.

“Estamos perdendo muitas oportunidades. O Brasil poderia estar crescendo de 4 a 6%, mas estamos na possibilidade de 1,5%. Mostra a incapacidade do governo em desenvolver o país. O que assistimos é o sucateamento da  infraestrutura. Com isso, perdemos chances de competir com outros países”, concluiu.

Na visão de Gomes de Matos, o PT deixa muito a desejar no aspecto administrativo. Para ele, a gestão atual só está preocupada em criar ministérios e aumentar a gastança com supérfluos. “E os gargalos continuam. Se o Brasil estivesse vivendo uma crise financeira por falta de recursos, seria justificável. A verba existe, só que infelizmente vai para o ralo”, lamentou. “Quando são realizadas obras, há escândalo de superfaturamento, o que mostra que o PT, quando investe, gasta mal.”

Recursos parados

→ Segundo Frischtak, só o setor privado pode dar conta da tarefa de duplicar os investimentos em infraestrutura no Brasil. Para Antônio Miguel Marques, presidente da Concessionária Aeroporto Internacional de Guarulhos, “só a iniciativa privada teria a agilidade para atender aos grandes eventos esportivos que estão chegando”. O governo não conseguiria sozinho fazer esse investimento, mas pelo menos deveria executar sua parte, algo que não está acontecendo.

→ Do valor investido até setembro, a maior parte – R$ 30 bilhões – refere-se a restos a pagar, despesas de anos anteriores que estão sendo agora quitadas. Ou seja, do montante efetivamente reservado para 2012, a gestão Dilma só conseguiu gastar cerca de R$ 15 bilhões, ou 14,5% do aprovado pelo Congresso. A informação é do Instituto Teotônio Vilela (ITV).

→ Ministérios como o da Integração Nacional e o de Transportes só executaram um terço do Orçamento, ainda segundo o ITV. Na média, a gestão Dilma terminará seus três primeiros anos com crescimento de 2,4%, estimou José Roberto Mendonça de Barros em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)