Logística precária
Investimento pífio em infraestrutura de transportes prejudica o país, avalia Gomes de Matos
O deputado Raimundo Gomes de Matos (CE) criticou o governo federal pela morosidade em cumprir os orçamentos de ferrovias, rodovias e hidrovias, em prejuízo ao desenvolvimento do país. O tucano afirma que o mau planejamento e a incapacidade gerencial do Planalto são responsáveis pela precariedade da logística nacional. Até este mês, em nenhuma das áreas o governo conseguiu executar sequer a metade dos recursos previstos para o ano. Como se não bastasse, inúmeras obras estão paradas devido à detecção de falhas por órgãos de controle.
“Os gargalos da infraestrutura estão se acumulando há anos. Desde a época do ex-presidente Lula que observamos a falta de capacidade para garantir o que é essencial para escoar a produção e desenvolver o país, que só acontece com os investimentos em logística”, apontou o deputado.
Gomes de Matos afirma que os aportes em obras do setor de transportes deveriam ser uma prioridade, pois são meios de alavancar a economia e impedir a estagnação. Mas, segundo dados do Sistema de Administração Financeira (Siafi), a realidade é o completo menosprezo em relação a esses empreendimentos.
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Até esta semana, apenas 48,3% dos R$ 13,627 bilhões disponíveis para o ano haviam sido executados, sendo que quase 70% se devem à quitação de restos a pagar, ou seja, pagamentos de contratos firmados antes de 2012. Trata-se do resultado mais tímido registrado no segmento rodoviário desde 2008. Nas hidrovias, dos R$ 817,6 milhões previstos, apenas 37,8% foram executados. Nas ferrovias a situação é ainda pior: só 26,9% dos R$ 2,751 bilhões disponíveis foram aplicados.
“Não se pode justificar essa situação dizendo que faltam recursos, pois a arrecadação federal cresce a cada ano. A verdade é que a falta de capacidade e de compromisso do governo são patentes e isso vem gerando muita dificuldade, especialmente para o agronegócio”, destacou Gomes de Matos. De acordo com ele, várias regiões do país sentem os prejuízos causados pela morosidade do governo para cumprir promessas e tirar obras do papel. Em partes do Nordeste, segundo o tucano, faltam grãos para garantir a sobrevida dos rebanhos porque os caminhões não chegam devido à precariedade das estradas.
O deputado afirma que além da dificuldade do Executivo em cumprir os orçamentos, as melhorias esbarram na falta de planejamento, que gera falhas e problemas detectados pelos órgãos de fiscalização e controle.
As obras de recuperação, restauração e manutenção das BRs 163 e 364, no Mato Grosso, principais rotas de escoamento da agroindústria, são exemplos típicos do alerta feito pelo tucano. O orçamento total chegava a R$ 247 milhões. Depois de analisar os editais e projetos, o Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou falhas nos estudos, que levariam a um superfaturamento superior a R$ 28 milhões. Nas ferrovias Norte-Sul e Oeste-Leste, tocadas pela Valec, as obras pouco avançaram neste ano, por conta de problemas semelhantes, além de milhares processos de desapropriações que se situam no traçado dos trilhos.
“Muitas dessas obras foram meramente eleitoreiras, anunciadas apenas para garantir votos inclusive para a presidente Dilma. Não houve projetos de engenharia definitivos e por essa razão surgem todas as dificuldades encontradas pelo tribunal”, avalia o parlamentar, ao destacar que a oposição continuará a fazer o acompanhamento desses empreendimentos e das ações do governo.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)
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