Reação política

Declarações de petistas contra decisão do STF mostram desespero, avalia Bittar

Militantes do PT pretendem fazer uma mobilização contra a sentença do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão e em defesa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e do ex-presidente do partido José Genoíno. Para o deputado Márcio Bittar (AC), as atitudes e declarações dos mensaleiros e aliados são uma clara demonstração de desespero diante da decisão dos magistrados, que poderá levar para a cadeia os articuladores do maior escândalo de corrupção da política brasileira.

Em caso de prisão, os petistas condenados pretendem se declarar prisioneiros políticos de um julgamento de exceção, conforme revelou o ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência Paulo Vannuchi em entrevista ao jornal “O Globo”. Genoíno chegou a comparar o tribunal ao Poder Moderador, que foi usado por Dom Pedro II, no Império, para arbitrar conflitos entre Executivo e Legislativo. Bittar lembra que, diferente das afirmações dos aliados da presidente Dilma, o STF garantiu todas as chances de defesa aos réus, mas as provas levaram à condenação por diversos crimes.

“O melhor que fariam agora seria abaixar a cabeça e aceitar, mas eles não têm humildade para isso. Há um nível de arrogância muito alto. Nem para a Suprema Corte do país eles se curvam, mas vão pagar a pena por terem sido pegos com a mão na massa”, avaliou Bittar.

No domingo (21), amigos de militância de esquerda de Dirceu e Genoino realizaram um almoço de solidariedade a ambos.  Os “Amigos de 68”, composto por ex-presos políticos, se articulam para uma reação política à condenação dos dois petistas. De acordo com a reportagem, o grupo pode iniciar um movimento político mais amplo, que inclua o tema da reforma política e uma análise do Judiciário, ou uma mobilização de apoio direto aos ex-guerrilheiros.

Para o tucano, a tentativa de passar para a opinião pública a ideia de injustiça não irá prosperar. Ele afirma que os réus “estragaram aquilo de bom que fizeram no passado”. “O fato de terem lutado pela democracia no passado não é um salvo-conduto para fazerem tudo que quiserem no futuro”, alertou Bittar. Para ele, as boas ações praticadas pelos réus no passado não os isentam de cumprir por erros cometidos mais tarde. Em sua avaliação, os petistas acabaram com o brilho de sua história com a insistência em tentar apagar, a qualquer custo, os graves equívocos que cometeram quando chegaram ao governo.

“A história não vai negar a eles o papel importante que tiveram na luta contra o regime autoritário, mas não vai também, por mais que eles esperneiem, apagar o fato de que o PT se associou a bancos e empresas para corromper e comprar o poder o Legislativo”, disse.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)