Dinheiro parado
Para Nilson Leitão, governo é incompetente em aplicar recursos do PAC
Levantamento do site “Contas Abertas” revela que a União e as empresas estatais deixaram 310 ações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) paradas este ano. As iniciativas somam R$ 15 bilhões que ainda não saíram dos cofres públicos. Na maioria das rubricas sequer foram realizados empenhos, a primeira fase da execução orçamentária. Apenas R$ 5,3 bilhões foram reservados em orçamento. O deputado Nilson Leitão (MT) lamenta a falta de investimento e critica o governo federal pela incompetência em tocar obras públicas no país.
“O governo é muito competente nos assuntos que se tornam escândalos, quando é para obter algum benefício pessoal. Há muita dificuldade e inoperância em fazer as obras públicas acontecerem dentro de um cronograma. Mas, quando se trata da apropriação indevida do dinheiro público, é de uma velocidade enorme e de uma competência fora do comum, o que é triste”, avaliou nesta terça-feira (23).
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Ao todo, 651 ações do PAC estão sendo tocadas pela União e empresas estatais neste ano. Somadas, chegam a R$ 116 bilhões, dos quais, passados nove meses do ano, apenas R$ 63,3 bilhões foram efetivamente pagos (54,6%). Os dados consideram os gastos do Executivo, Legislativo e Judiciário até setembro e das estatais até agosto. Entre as obras paradas, somente 37 são “tocadas” pelas empresas estatais.
O governo é ineficiente na hora de aplicar o dinheiro público, na opinião do parlamentar. Para ele, a velocidade no andamento das obras é quase uma ofensa para o tamanho da máquina administrativa. E afirma: “o PAC não passa de um programa de ficção.”
“O Brasil deveria ser mais veloz, poderia trazer para a população qualidade de vida e condição estrutural de logísitca. Mas, infelizmente, não passa de uma fantasia. O PAC só existiu na imaginação, pois de fato não acontece. Desde o seu lançamento, está empacado”, ressaltou. De acordo com Leitão, o programa foi usado apenas como propaganda eleitoral. “O brasileiro ainda não percebeu o tamanho do prejuízo que isso causará para o país”, concluiu.
A principal iniciativa parada é a de apoio à aquisição de equipamentos, que não mexeu no R$ 1,7 bilhão previsto para 2012. A rubrica entrou no orçamento federal este ano, denominada de PAC Equipamentos. Cerca de R$ 8,4 bilhões devem ser investidos até 2014.
O intuito era estimular o crescimento econômico brasileiro por meio da compra de oito mil caminhões, três mil patrulhas agrícolas, 2 mil ambulâncias, 8.570 ônibus, 3.591 retroescavadeiras, além de motoniveladas, furgões, vagões de trem e móveis para escolas.
Recursos parados
→ No topo da lista também está a aquisição de máquinas e equipamento para recuperação de estradas vicinais em municípios com até 50 mil habitantes, ação para a qual R$ 1,1 bilhão estão previstos para 2012. Até agora nenhum centavo foi sequer empenhado. A Pasta do Planejamento ressaltou para o Contas Abertas no final de setembro que os empreendimentos do PAC estão dentro do cronograma previsto.
(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)
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