Falhas continuam

Imbassahy cobra solução para os recorrentes apagões no setor elétrico

Os recorrentes apagões e as grandes interrupções no fornecimento de energia revelam que há problemas graves no sistema elétrico brasileiro. Neste ano, já foram 63 cortes. Só entre os dias 15 de setembro e 15 de outubro, foram 14 desligamentos em várias regiões – na média, significa quase um corte a cada dois dias, conforme mostrou o jornal “O Estado de S. Paulo”.

Já passou da hora de o governo federal assumir a culpa e corrigir as graves deficiências no setor, na avaliação do deputado Antonio Imbassahy (BA). O tucano cobrou medidas do governo para resolver as falhas. “Não adianta fazer só reuniões, pois não é por elas que os problemas serão resolvidos. É preciso ter ações, responsabilizar empresas e agentes públicos que não operam como deveriam”, apontou. “Até quando o consumidor será afetado pela incompetência do governo?”, questionou.

Em termos de volume de energia desligada, os blecautes dos últimos 30 dias foram 153% maiores que em 2011. As informações, retiradas de relatórios diários do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), coincidem com a evolução dos desligamentos nos últimos anos. No ano passado, foram 97 ocorrências com cortes de eletricidade acima de 100 MW – número 29% superior ao de 2007.

Na sexta-feira (19), parte do Distrito Federal ficou no escuro durante a tarde. A interrupção teria sido causada por um problema na linha de transmissão de Furnas. Embora o governo garanta que o sistema nacional tenha alta confiabilidade, especialistas temem que os apagões sejam uma sinalização de falta de manutenção da rede. Para Imbassahy, outra causa pode ser a lentidão no andamento de obras.

 “O fato é que o sistema é falho e quem paga é o consumidor brasileiro. São muitos apagões que estão ocorrendo. O governo federal diz que o sistema é seguro, mas sabemos que isso não é verdade, pois, se fosse, não estariam acontecendo tantas interrupções”, afirmou.

O deputado cobrou fiscalização para identificar as causas do apagão. O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, afirma não existir falta de investimento a ponto de caracterizar o problema. Segundo ele, de 2001 para cá, os investimentos foram enormes.

O parlamentar considera inacreditável tal afirmação diante das frequentes falhas no setor. Segundo completou, se estivesse tudo bem, não haveria tantos blecautes. “As falhas existem. O governo precisa ter responsabilidade e consciência para assumir isso. A população não aguenta mais. É preciso dar um basta.”

Problemas de manutenção

→ Segundo o presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Carlos Faria, um transformador não queima da noite para o dia, como ocorreu em alguns cortes recentes. “Você tem de fazer um acompanhamento. O equipamento dá sinais de que precisa ser trocado. Para mim está claro: estamos com problemas em manutenção”, afirma.

A frase:

“Jogar o problema para debaixo do tapete é um fato que a população não aceita. As pessoas estão insatisfeitas com a administração e vão continuar protestando.”

Deputado Antonio Imbassahy (BA)

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)