Viracopos: prova de negligência, por Vanderlei Macris


No último final de semana, o Brasil mais uma vez pode sentir a ineficiência do seu setor aeroportuário. Tivemos mais uma prévia de como a falta de comprometimento, responsabilidade e planejamento afetam diretamente a vida das pessoas. Mais uma vez foi acesa a luz vermelha sobre a precariedade dos aeroportos do país que sediará grandes eventos, como a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016.

Durante 50 horas, o Aeroporto Internacional de Viracopos em Campinas (SP) paralisou suas atividades, permitindo o caos que atingiu ao menos 25 mil passageiros da Azul Linhas Aéreas, que mantém 85% das operações no terminal.

Não quero aqui apontar o fato causador: um acidente ocasionado pelo estouro do pneu de um cargueiro da empresa Centurion, que interditou a única pista do aeroporto. Mas, sim, destacar a deficiência em lidar com o problema, fruto de má administração da Infraero, loteada por companheiros do PT. Apesar de imprevisíveis, acidentes como o que ocorreu em Viracopos estão longe de ser incomuns.

A remoção de um avião de cargas leva cerca de 10 horas com os equipamentos necessários, porém, pasmem, a Infraero não possui estes equipamentos, que custam entre R$ 2 milhões e R$ 13 milhões. Portanto, no final de semana de feriado prolongado aqui no Brasil o que poderia ser resolvido em um período médio, levou cinco vezes mais tempo.
Para tentar esconder a incompetência, a Infraero argumenta, de forma simplista, que este tipo de acidente “não acontece todo dia”.

Realmente vemos a crônica de um caos anunciado desde o apagão aéreo e que até hoje o governo do PT não foi capaz de controlar e administrar. É necessário investir, mas isso também a Infraero não faz. Desde o ano 2000 apenas 51% das verbas destinadas pelo orçamento Geral da União ao setor foram utilizadas. Neste ano, dos R$ 370 milhões previstos, só 18% foram gastos até julho.

A privatização – palavra historicamente “endemonizada” pelo PT – hoje é apontada como solução por este mesmo partido para sanar os problemas de infraestrutura de nossos aeroportos. Antes tarde do que nunca, a privatização é sem dúvida o caminho para o desenvolvimento, desde que bem feita. Em Viracopos, por exemplo, a previsão para construção da segunda pista – que solucionaria o problema deste final de semana – está prevista apenas para 2017.

A falha nos processos de privatização é mais uma prova da irresponsabilidade de um partido que desde o início visa apenas decolar a ‘companheirada’, aparelhando os setores públicos. Do Brasil, eles fazem pousar o sonho de ‘o teu futuro espelha essa grandeza’.

*Vanderlei Macris é deputado Federal pelo PSDB-SP e membro da Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados.

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19 outubro, 2012 artigo, Artigosblog Sem commentários »

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