Proteger o cidadão


Azeredo: sem legislação para punir crimes na internet, Brasil virou “paraíso” de fraudes

Estudo divulgado pela empresa Symantec nessa quinta-feira (4) revela que 28,3 milhões de pessoas foram vítimas de crimes cibernéticos no Brasil nos últimos 12 meses, o que representa um prejuízo total de quase R$ 16 bilhões. A informação é do “Jornal da Globo”. O deputado Eduardo Azeredo (MG) considera o número preocupante e reitera a necessidade de uma legislação para punir esse tipo de delito. O tucano é presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, onde há tempos alerta para o problema.

“O governo federal tem sido totalmente omisso nesse assunto. A cada dia os fatos mostram que o Brasil precisa urgentemente de uma legislação para esse crime. São inúmeros problemas que acontecem com o cidadão”, ressaltou nesta sexta-feira (5). Roubos de senhas e de milhas aéreas e fraudes em serviços bancários via internet foram apontados pelo parlamentar como alguns dos golpes. O próprio deputado já foi vítima de roubo de programas de milhagens. “A maioria tem conta bancária e todos estão sujeitos a roubos. E o governo finge que não está acontecendo nada. Somos um ‘paraíso’ para o crime na internet”, completou.

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A soma indicada pelo estudo no Brasil é mais de dez vezes superior ao prejuízo de R$ 1,5 bilhão registrado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em 2011 com fraudes em serviços bancários via internet e celular, em transações de call center, cartões de crédito e de débito. A soma representa crescimento de 60% em relação a 2010, segundo a federação.

Sem legislação, os hackers se sentem à vontade para atuar, de acordo com Azeredo. “Evidente que só a legislação não resolve, mas ela inibe, ameaça e protege o cidadão, que pode assim ir à Justiça e ter a garantia de que os órgãos de investigação farão o seu trabalho com muito mais eficácia”, afirmou. E alerta: é importante ficar atento porque os criminosos utilizam os e-mails e redes sociais como porta de entrada para outros ataques.

De acordo com os especialistas, cada vez mais o país é alvo. O aumento de crimes preocupa empresas e bancos, que pagam caro para se defender. No entanto, 90% da segurança é o usuário que aplica. “São medidas conhecidas. Um bom antivírus, senhas complexas e não pode esquecer de trocá-las com frequência”, afirma o especialista em segurança cibernética da Norton, Adam Palmer.

Por fim, Azeredo foi enfático: já passou da hora de resolver essa questão. “Vou continuar insistindo com as lideranças do governo na Câmara para que os projetos que tratam do assunto sejam votados. Já cedemos muito em termos de redação dos projetos, mas mesmo assim o governo não chega à conclusão de que precisamos de uma lei específica, lamentavelmente”, completou.

Crime virtual, prejuízo real

→ Do total de 13 mil adultos entrevistados, com idade entre 18 e 64 anos, em 24 países, 546 eram do Brasil. Segundo a pesquisa, o custo global do crime cibernético chegou a US$ 110 bilhões, com cerca de 556 milhões de adultos vítimas de fraudes on-line durante o período, sendo uma média de US$ 197 por pessoa (R$ 399).

→ De acordo com a Symantec, além dos crimes relacionados ao uso de bancos pela internet, também causam prejuízos vírus, roubo de dados pessoais, invasão de e-mails e perfis sociais, invasão de dispositivos móveis e bullying on-line.

→ Ainda sobre o Brasil, a Symantec conta que 32% dos adultos pesquisados foram vítimas de crimes virtuais nos últimos 12 meses. Outros 44% receberam mensagens de texto vindas de desconhecidos, que pediam que eles clicassem em links ou ligassem para um número desconhecido. Em redes sociais, 23% dos entrevistados foram vítimas de crimes específicos para os sites sociais.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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5 outubro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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