Deboche inaceitável

Nilson Leitão: apagões não foram “coincidência”, mas fruto da má gestão do governo

Nem pedido de desculpas e muito menos explicação convincente. O governo optou por minimizar e até debochar do cidadão ao tentar justificar os apagões que têm deixado o Brasil às escuras nos últimos dias.

O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema, Hermes Chipp, classificou de “apaguinho” a falta de energia em 12 estados anteontem. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que os três blecautes ocorridos em diversas partes do país em apenas 11 dias foram só “coincidência”. Já a presidente Dilma, que comandou o mesmo ministério no governo Lula, não deu qualquer satisfação à população, principal prejudicada pelos transtornos.

Na avaliação de parlamentares do PSDB, o governo pode estar escondendo algo mais grave. O deputado Nilson Leitão (MT) acredita que as declarações das autoridades são factóides para não demonstrar o tamanho do problema que pode haver por trás desses blecautes.

“Estamos sim enfrentando apagões em todo o Brasil e isso é um problema de gestão do governo do PT”, disse o tucano. Na quinta (04), Dudimar Paxiúba (PA) e Walter Feldman (SP) alertaram para uma possível crise no setor.

Especialistas ouvidos por diversos veículos de comunicação também manifestam preocupações desse tipo. Para a maioria deles, o sistema pode estar operando em seu limite. As falhas também podem estar sendo provocadas pela falta de investimentos. E a situação pode se tornar ainda pior com a renovação das concessões pelo governo, que prevê remuneração baixa para as concessionárias. Com isso, as empresas só vão receber pelo custo de manutenção, algo que pode comprometer ainda mais a qualidade do serviço.

Há 12 dias, cerca de 6 milhões de consumidores do Nordeste haviam ficado sem luz. Anteontem, quase 2,7 milhões de brasileiros voltaram a ficar no escuro. E no dia 4 praticamente todo o Distrito Federal entrou em colapso por causa de nova falta de energia. Apesar disso e de já terem ocorrido neste ano 32 interrupções de fornecimento de energia de grandes proporções, as explicações do governo de nada adiantam se não houver uma atitude firme para controlar esse tipo de ocorrência, como avaliou Nilson Leitão.

“Num sistema como o que temos no Brasil isso não pode ser considerado uma simples coincidência. É, na verdade, falta de gestão e de planejamento”, reiterou. Segundo ele, o Planalto prefere combater o fato e ainda fazer propaganda dizendo que o país está bem. “Este governo não admite críticas e nem faz uma autocrítica. Vamos torcer para que a situação não piore, mas isso é difícil”, apontou.

Como destacou o jornal “O Estado de S.Paulo” em editorial, ficaram na lembrança as promessas várias vezes repetidas pela ex-responsável pelo setor de energia do governo Lula e depois candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, de que, com ela no governo, não haveria mais apagões. Se hoje a petista e sua equipe evitam falar em apagão é porque sempre quiseram usar o termo politicamente para se referir ao racionamento ocorrido durante o governo Fernando Henrique.  “Espero que agora, finalmente, a presidente tenha compreendido a diferença entre apagão e racionamento de energia”, declarou o líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE), à coluna “Painel” da “Folha de S.Paulo” desta sexta.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola / Áudio: Elyvio Blower)

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