“Mentor da trama”


Decisão do ministro Lewandowski de absolver José Dirceu é equivocada e incoerente, afirmam deputados

Os deputados Vanderlei Macris (SP) e Antonio Imbassahy (BA) criticaram o voto do ministro revisor do mensalão, Ricardo Lewandowski, que absolveu o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu da acusação de corrupção ativa nesta quinta-feira (4). Apesar de não descartar o envolvimento do petista no esquema como “mentor da trama”, o magistrado considera não haver provas contra Dirceu. Lewandowski responsabilizou o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares pelos repasses de propina a parlamentares da base aliada ao governo Lula. O revisor também inocentou o ex-presidente do partido José Genoino.

“O ministro Lewandowski está equivocado diante dos indícios dos fatos. Não é razoável imaginar que apenas Marcos Valério ou Delúbio Soares realizaram uma operação de tal magnitude e complexidade. Um escalão superior estava comandando esse processo”, afirmou Imbassahy.

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Para Macris, a decisão não causa surpresa. “Desde o início do julgamento o ministro vem mostrando uma tendência de alinhamento com os acusados que têm condenação praticamente certa. É uma decisão mais política do que jurídica”, disse.

O tucano acredita que os demais ministros votarão pela punição dos três acusados de comandar o esquema de corrupção. Segundo ele, a argumentação do revisor é incoerente. “Não temos dúvidas que a maioria dos ministros do Supremo, até por coerência, vai condenar os articuladores políticos do mensalão. Não tem lógica condenar um e absolver o outro. Não há como desconsiderar corrupção ativa quando se reconhece que houve a passiva”, avaliou.

A ministra Rosa Weber votou pela condenação de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares.

Os parlamentares reprovaram também o ato de desagravo articulado pelo PT para fazer a defesa pública dos réus. Segundo informação de “O Estado de S.Paulo”, o partido organiza, nos bastidores, um evento que deve acontecer após o fim do julgamento. A manifestação vem sendo preparada em sigilo porque a ordem da cúpula petista é manter silêncio sobre o assunto até o último capítulo do julgamento, de acordo com o jornal.

Macris considera lamentável que a legenda não aceite a decisão do STF. “Os condenados pelo Supremo deveriam ser expulsos do partido e não utilizar ato de desagravo para alguém que praticou corrupção conforme condenação da Corte”, ponderou.

Na opinião de Imbassahy, o ato é mais uma tentativa de negar a existência do escândalo. “Em uma democracia temos que respeitar a decisão do Judiciário. No momento em que o partido insiste em negar o mensalão e atacar o Judiciário, ele só faz se diminuir perante a opinião pública”, destacou.

Matéria atualizada às 18h43.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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4 outubro, 2012 Últimas notícias 2 Commentários »

2 respostas para ““Mentor da trama””

  1. Vagner disse:

    A corrupção de parlamentares, denunciada pela Procuradoria Geral da República e condenada pelo STF, é o câncer da democracia que compromete todo o sistema público organizado. Inegavelmente está comprovado que o esquema do Mensalão tinha este objetivo de compra de corromper o Legislativo. A tentativa de desmoralizar a decisão da Suprema Corte Judicial do Brasil de condenar os membros da quadrilha do Mensalão é a comprovação deste sórdido esquema de desestabilizar a democracia brasileira.

  2. Vagner disse:

    A corrupção de parlamentares, denunciada pela Procuradoria Geral da República e condenada pelo STF, é o câncer da democracia que compromete todo o sistema público organizado. Inegavelmente está comprovado que o esquema do Mensalão tinha este objetivo de corromper o Legislativo para perpetuação no poder Executivo Federal e facilitar o domínio nos níveis estaduais e municipais, isto é, um sórdido plano de poder partidário único. A tentativa de desmoralizar a decisão da Suprema Corte Judicial do Brasil de condenar os membros da quadrilha do Mensalão é a comprovação deste sórdido esquema de desestabilizar a democracia brasileira.

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