Lição de democracia


Condenação de políticos envolvidos no mensalão indica fim da impunidade, acreditam tucanos

A condenação dos políticos de partidos aliados ao ex-presidente Lula por envolvimento no mensalão confirmou a existência da compra de votos no Congresso e derrubou de uma vez por todas a tese de caixa dois. Para os deputados William Dib (SP) e Raimundo Gomes de Matos (CE), a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) foi uma resposta à sociedade, que aguarda punição exemplar para os culpados. Nessa segunda-feira (1º), os ministros foram veementes ao condenar políticos por crimes como formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

“O Supremo está dando uma lição em termos de democracia e de avanço na Justiça brasileira, mostrando que a impunidade é uma página virada no país”, destacou Dib. O tucano afirmou concordar com o voto do ministro Celso de Mello, para quem a conduta dos mensaleiros “maculou o espírito republicano”. “Mensaleiros nada mais são do que marginais do poder. Não há diferença entre bandoleiros de estradas ou assaltantes dos cofres públicos. Nos dois casos há formação de quadrilha”, destacou o ministro.

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Na avaliação de Dib, a tese de caixa dois de campanha era inconcebível, pois se tratava de esquema arquitetado para roubar dinheiro público e conseguir apoio no Congresso. Segundo ele, o STF deu uma lição de ética ao se basear nas inúmeras provas existentes e condenar os réus. “Tínhamos a cultura da impunidade, mas agora entramos em uma nova fase na qual é possível se punir os crimes de colarinho branco cometidos por correntes políticas que fazem mal ao país”, disse.

Ontem, o Supremo condenou os deputados Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT); o presidente do PTB, Roberto Jefferson (PTB-SP), e os ex-deputados Romeu Queiroz (PSD-MG) e Pedro Corrêa (PP-PE) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Costa Neto e Pedro Corrêa também foram condenados por formação de quadrilha e, o prefeito de Jandaia do Sul (PR), José Borba (PP), por corrupção passiva. A pena mínima para lavagem de dinheiro é de três anos e, a de corrupção passiva, dois anos. Além de cumprir esses cinco anos de prisão, pelo menos, os políticos condenados terão como sanção oito anos de inelegibilidade, como determina a Lei da Ficha Limpa.

“E o ex-presidente Lula ainda tinha a cara de pau de dizer que não existia o mensalão. Em outro país ele estaria depondo nos tribunais, pois mentiu para a população”, afirmou Gomes de Matos. Para o tucano, o petista tentou pregar uma mentira que não convenceu graças às provas existentes e à seriedade da Justiça brasileira. Lula afirmou inúmeras vezes que o esquema não existiu, que era apenas folclore. Em outro momento, o ex-presidente chegou a dizer que o “PT só fez o que todos os partidos fazem”.

Depois da sentença dada aos membros de partidos aliados, será a vez das “estrelas petistas”. A partir de quarta-feira (3), o relator do caso, ministro Joaquim Barbosa, começa a analisar a conduta de dez réus acusados de corrupção ativa. Entre eles, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-presidente da sigla José Genoino.

(Reportagem: Djan Moreno / Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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2 outubro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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