Extrema pobreza
Falta estratégia do governo petista para combater problemas sociais, afirma Gomes de Matos
O deputado Raimundo Gomes de Matos (CE) considerou preocupante o resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2011), do IBGE, mostrando que a pobreza extrema ainda atinge 8 milhões de pessoas no país. A queda foi de apenas 5,5% frente a 2009, quando o Brasil tinha 8,5 milhões de miseráveis. A pesquisa revela ainda que o número de jovens de 15 a 17 anos fora da escola aumentou, passando de 14,8% em 2009 para 16,3% em 2011.
A falta de estratégia do governo Dilma para combater a miséria é vista pelo parlamentar como o principal agravante. “É preocupante o número de brasileiros que continuam nessa situação, principalmente no Nordeste, que piora com a estiagem”, afirmou nesta terça-feira (2).
A paralisação da transposição do rio São Francisco, a falta de acompanhamento nos programas de transferência de renda e a baixa capacitação para inclusão social são fatores que, na opinião de Gomes de Matos, também contribuem para o aumento da pobreza. “A obra (transposição) está parada e poderia amenizar o problema. O Bolsa Família sem acompanhamento também perpetua a miséria”, disse. “Os programas de transferência de renda no governo Fernando Henrique eram para garantir o aluno na escola, a melhoria educacional. Infelizmente, hoje isso não acontece”, completou.
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Como utiliza dados de setembro de 2011, a estimativa não capta efeitos do Brasil sem Miséria e do Brasil Carinhoso, programas lançados pelo governo federal. Mas especialistas acreditam que Dilma corre o risco de terminar o mandato sem cumprir sua principal promessa de acabar com a pobreza extrema.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, o número de miseráveis caiu de 8.520.271, em 2009, para 8.054.775, em 2011, uma diminuição de 465 mil pessoas no universo de extremamente pobres, conforme a Pnad. O governo considera miserável quem tem renda mensal familiar de até R$ 70 por pessoa, conforme mostrou o jornal “O Globo”.
Em números absolutos, mantido esse ritmo, seriam necessários oito anos para o número cair pela metade. Assim, para conseguir uma queda de 50% em três anos, até 2014, o governo precisaria quase que triplicar a velocidade verificada em 2009-2011.
O deputado considera a tarefa quase impossível. “Não há supervisão e nem missão de técnicos que acompanhem a inclusão social para ajudar a diminuir esse número. As metas não saem do papel, o que mostra o descaso e o descompromisso do PT. Falta capacitação dos assistentes sociais, dos psicólogos, nutricionistas, entre outros”, lamentou.
Em relação ao aumento de jovens fora da escola, Gomes de Matos foi enfático: no projeto ProJovem há malversação de recursos, o que gera instabilidade nos jovens. Muitos deles deixam a escola para entrar no mundo das drogas, o que é lamentável. O ProJovem integra serviço e transferência de renda, exigindo esforço de integração de todos os gestores (municipais, estaduais e federal). Os objetivos são fortalecer a família, os vínculos familiares e sociais.
Geração “nem nem”
→ A presidente lançou o Brasil sem Miséria em junho do ano passado. A iniciativa ampliou o Bolsa Família, carro-chefe da política social, com o acréscimo de 1,3 milhão de beneficiados na faixa de 0 a 14 anos. O pagamento extra, porém, só começou em setembro.
→ Recentemente, o jornal “O Globo” fez uma matéria sobre a geração “nem nem” (jovens que não trabalham nem estudam). Um em cada cinco jovens de 18 a 24 anos estava nesse grupo, o que é dramático.
(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)
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