Não é “piada”, Mantega!
Para Kaefer, condução equivocada da economia é responsável por 2º ano de crescimento pífio
A previsão de crescimento do PIB brasileiro para este ano de apenas 1,5% – apontada pelo Credit Suisse e considerada uma piada há três meses pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega – foi praticamente ratificada na quinta-feira (27) pelo Banco Central. Após rever suas projeções, o BC reduziu sua estimativa para 1,6%. Na avaliação do deputado Alfredo Kaefer (PR), a máscara do governo caiu. Segundo o parlamentar, não houve mero erro de previsão, mas uma tentativa de enganar a população a partir do momento em que o governo fez previsões otimistas totalmente descoladas da realidade.
“Não se pode dizer que uma pessoa experiente e com o cenário da economia em mãos não poderia prever que isso aconteceria. Eles, na verdade, simplesmente enganaram o povo”, criticou nesta sexta-feira (28). Em março, a previsão do Banco Central era de 3,5%, enquanto em junho caiu para 2,5%. No mesmo mês, os economistas do Credit Suisse divulgaram que o PIB de 2012 não passaria dos 1,5%, provocando a reação do ministro. Após a divulgação da nova projeção do BC, Mantega evitou a imprensa e o Planalto minimizou o corte da estimativa, avaliando que a economia estaria reagindo aos estímulos dados pelo governo.
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Para Kaefer, esses estímulos são insuficientes para engrenar novamente a economia. Os dados deste ano não são a única divergência entre BC e Fazenda. O banco estima que ao final do primeiro semestre de 2013 o país estará crescendo a 3,3% ao ano. É bem distante do esperado por Mantega – uma taxa anualizada na casa dos 4% nos próximos três meses. “A situação poderá ser revertida se o governo tomar providências. Ao invés de tentar tapar o sol com a peneira antecipando o consumo com alguns estímulos, deveria investir em infraestrutura e continuar a redução dos juros, entre outas ações”, avalia o deputado paranaense.
Além do crescimento fraco, o Banco Central também prevê uma inflação elevada e acima do patamar previsto em junho (4,9%). O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi calculado em 5,2%. “Esse resultado não é erro de prognóstico, mas de política macroeconômica que não está sendo bem conduzida pelo governo”, reforçou Kaefer. Confirmado o cenário previsto pelo BC e por analistas, Dilma chega ao final do segundo ano de governo com uma combinação perversa: baixo crescimento e inflação elevada.
Apesar de influências do mercado externo terem certo peso sobre os resultados da economia no país, Kaefer ressalta que a situação poderia ser diferente dependendo das ações adotadas internamente. O caminho adotado pelo governo foi estímulo ao consumo com a expansão do crédito e ajuda a setores específicos via benefícios fiscais. No ano passado, essa mágica solução do governo resultou em pífio crescimento de 2,7%. Neste ano não deve passar dos 1,6%, percentual antes considerado piada pelo principal representante do governo na área.
De acordo com Kaefer, o erro do Planalto está na forma como trata a economia. “Sabiam que a destruição da indústria, que fizeram lá atrás com uma política desastrada de valorização do real, daria nisso. Deveriam ter reduzido os impostos para o setor produtivo, mas tudo que fizeram foi tardiamente. Com certeza era possível prever há cerca de uns dois anos que o PIB este ano não fecharia acima de 2%”, concluiu.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)
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