Provocações furadas

Ataques de petistas ao julgamento do mensalão não atingem STF, destacam tucanos

Com a proximidade do julgamento dos protagonistas do mensalão e a coincidência com o período eleitoral, parlamentares do PT têm apelado para ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF). A tese de caixa dois apresentada pela defesa dos réus se torna cada vez mais inconsistente, o que aumenta o desespero de petistas. Na avaliação dos deputados Raimundo Gomes de Matos (CE) e Dudimar Paxiúba (PA), é inadmissível tentar denegrir a imagem do tribunal para encobrir algo incontestável.

“Os fatos comprovam a veracidade do mensalão. Por mais que se queira encobrir a malversação de recursos públicos, de que houve compra de partidos políticos, não é possível negar o que está sendo comprovado pelos ministros do Supremo”, destacou Gomes de Matos.

Nos últimos dias, petistas lançaram uma série de provocações contra o Supremo. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), chamou de falacioso o voto do relator Joaquim Barbosa, que reconhece a existência da compra de apoio de partidos no primeiro mandato de Lula. O senador Jorge Viana (PT-AC) chegou a falar em “golpe” contra o PT e o secretário de comunicação do partido, André Vargas (PT-PR), chamou de “risco para a democracia” as transmissões ao vivo das sessões do STF.

Diferente da imagem que o Partido dos Trabalhadores tenta passar para a sociedade, Gomes de Matos afirma que o Judiciário está demonstrando altivez e posicionamento ético. “Diante disso, a população irá refletir, principalmente agora quando se decide o destino dos municípios, sobre a forma imoral e irresponsável como o PT administrou o país. O Brasil poderia ter crescido muito mais se não fosse o mensalão”, destacou.

O jornal “O Globo” ouviu cientistas políticos que consideraram como ilógica e insustentável a tese usada pela defesa de réus do mensalão de que o crime cometido pelo núcleo político do esquema foi o de caixa dois para pagar dívidas de campanhas eleitorais. O pagamento de propina para conseguir apoio de outros partidos se torna cada vez mais claro. Na segunda-feira passada, o relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, assegurou que há farto material para atestar que o PT usou o valerioduto para cooptar aliados ao governo do ex-presidente Lula. Ele listou pagamentos de propina e cruzou-os com datas de votações na Câmara.

Conforme mostrou a jornalista Miriam Leitão, a maioria das legendas acusadas de receberem pagamentos indevidos apoiaram candidatos que foram adversários do PT na eleição de Lula em 2002. A jornalista questiona por que o partido pagaria dívidas de campanhas dessas siglas. A análise das condutas do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do ex-presidente da legenda José Genoino, acusados de corrupção ativa, ficará para próxima semana, às vésperas do primeiro turno das eleições municipais.

“Aconteceu exatamente o que eles não queriam: a coincidência do julgamento com o pleito, o que, com certeza, irá prejudicar o desempenho do PT, pois a sociedade brasileira quer se livrar da corrupção”, destacou Dudimar. Na avaliação do tucano, é um absurdo criticar o STF. “É um desrespeito muito grande com a Suprema Corte do país. É inadmissível que um partido político se oponha de forma vil e até desrespeitosa contra os ministros”, disse.

Segundo o tucano, as provas do processo são contundentes e os ministros apenas cumprem seu dever. “Se fosse outro partido, esses ‘arautos da moralidade’ certamente estariam elogiando os ministros. Mas como as decisões no julgamento os contrariam, eles se opõe de maneira desrespeitosa”, afirmou. Para ele, o partido da presidente Dilma deve se curvar diante de “uma realidade dura e cruel que vai contra os seus interesses”.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola e Gustavo Lima/Ag. Câmara/ Áudio: Elyvio Blower)