Interesses partidários


Politização da Petrobras provocou prejuízo e queda nos resultados, alertam deputados

A Petrobras entrou em um período crítico depois de ser politizada durante o governo Lula. A conclusão é dos deputados tucanos que acompanharam audiência pública das comissões de Fiscalização Financeira e de Minas e Energia da Câmara com a presidente da estatal, Graça Foster, nesta quarta-feira (19). Os parlamentares cobraram uma gestão mais técnica e menos política para impedir prejuízos à empresa e ao país.

Durante a reunião, a executiva admitiu equívocos cometidos pelo comando da empresa nos últimos anos que levaram a atrasos em obras de refinarias e ao descumprimento de metas. Segundo ela, porém, o primeiro resultado negativo da Petrobras após 13 anos –  prejuízo de R$ 1,3 bilhão no segundo trimestre de 2012 – foi resultado do câmbio.

Para Walter Feldman (SP), a realidade está distante do que foi pregado durante toda a gestão petista. De acordo com ele, a história da empresa passou a se confundir com a política do país. “No último período, houve uma forte intervenção política e partidária com interesses outros que não os específicos da Petrobras como uma companhia estratégica para o desenvolvimento do país”, afirmou.

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Graça Foster admitiu que a autossuficiência em Petróleo não existe. Segundo ela, em 2006, quando o ex-presidente Lula alardeou a conquista, o Brasil produzia o equivalente ao que exportava, porém nunca chegou a ser autossuficiente em derivados do petróleo. Com o aumento da demanda nos últimos anos, a nação teve que importar ainda mais.

Para Feldman, o exagero nas declarações de Lula e a má condução da estatal serviram para atender interesses partidários e não levaram em consideração o desenvolvimento do país. “A conclusão que se dá agora é muito diferente daquela do período eleitoral. A politização prejudicou não só a Petrobras, mas o Brasil”, disse.

Segundo Domingos Sávio (MG), o PT iludiu o povo às vésperas das eleições. Graça Foster já havia admitido que a estatal fazia metas exageradas antes de sua gestão. “O mais triste é que a empresa entrou num processo de prejuízo e com isso diminuiu a capacidade de investimento. A situação vai ficando mais grave, pois se já não somos autossuficientes, com uma menor capacidade de investimento e atrasos na implantação de refinarias corremos o risco de termos até uma falta de combustíveis, o que será um desastre”, alertou.

O tucano também afirmou que dificilmente o país conseguirá atingir a nova projeção: conseguir a autossuficiência de refino de petróleo e derivados em 2020, quando as refinarias em construção estarão em plena operação. Essa questão foi levantada pelo deputado Carlos Brandão (MA), que questionou a presidente sobre a refinaria Premium I, no Maranhão. Esta, assim como a Premium II, no Ceará, a Abreu e Lima, em Pernambuco, e o Complexo Petroquímico do Sudeste (Comperj) tiveram os prazos de entrega adiados recentemente.

Vaz de Lima (SP) lembrou que em junho, ao apresentar o primeiro plano de negócios, Foster foi realista e assumiu que os objetivos não vinham sendo cumpridos.  Na ocasião, a presidente afirmou que tais metas eram “ousadas e não realistas”.  “Essa ousadia e esses planos não reais só serviram para fazer as campanhas de reeleição de Lula e de eleição de Dilma”, criticou o tucano.

Vanderlei Macris (SP) disse que a Petrobras passa por um dos momentos mais difíceis de sua história graças à utilização política. “A estatal, em determinado momento, foi vendida para o país como a salvadora para todos os problemas nacionais. O ex-presidente Sergio Gabrielli fez isso: agiu politicamente.”

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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19 setembro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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