Caixa milionário

Revelações de Marcos Valério indicam Lula como chefe do mensalão e uso de R$ 350 milhões no esquema

“Lula era o chefe”. A frase vem sendo repetida pelo empresário Marcos Valério, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão, como revela a reportagem de capa da revista “Veja” desta semana. Segundo a publicação, Valério acusa o ex-presidente Lula de se empenhar pessoalmente na coleta de dinheiro para o esquema de corrupção. Empresários teriam se reunido com o petista para combinar a contribuiçao e logo depois entregavam o dinheiro ao partido. Tudo era feito sem deixar rastros.

Valério revelou ainda que pelo menos R$ 350 milhões passaram pelo esquema. O valor calculado pelo Ministério Público Federal sobre o dinheiro que abasteceu o mensalão é, segundo ele, subestimado. A acusação do MPF sustenta que foram usados R$ 55 milhões de um empréstimo nos bancos Rural e BMG e R$ 74 milhões desviados da Visanet, fundo que conta com dinheiro público. O empresário teria dito que o caixa real era o triplo do descoberto pela polícia. “Da SMP&B vão achar só os 55 milhões, mas o caixa era muito maior. O caixa do PT foi de 350 milhões de reais, com dinheiro de outras empresas que nada tinham a ver com a SMP&B nem com a DNA”, afirma o empresário segundo “Veja”.

“O controle dessa contabilidade cabia ao então tesoureiro do partido, Delúbio Soares”, informa a revista. A participação de Delúbio, outro réu do processo, começa a ser julgada na segunda-feira (17). Ele é acusado de formação de quadrilha e corrupção ativa. Ele teria atuado na administração da captação de recursos e na definição dos políticos que receberiam os pagamentos. Tudo feito com o aval do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, acusado no processo como chefe da quadrilha.

A entrada e a saída de verbas seriam registradas em detalhes em um livro guardado por Delúbio. Parte do dinheiro teria sido usada para pagar correligionários e aliados. De acordo com a revista, os valores calculados por Valério sao dez vezes maiores que a arrecadação declarada da campanha de Lula nas eleições presidenciais de 2002.

Relatos do empresário indicam que Lula nao só conhecia o esquema, como comandava a operação. Ele revela ter se encontrado com o ex-presidente diversas vezes no Palácio do Planalto. “Do Zé (Dirceu) ao Lula era só descer a escada. Isso se faz sem marcar. Ele dizia vamos lá embaixo, vamos”. Ele acredita que Dirceu deve ser condenado pelo STF e faz uma ressalva. “Não podem condenar apenas os mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos”, disse na semana passada, como informa a revista.

(Da redaçao com informaçoes da “Veja”)