Triste estatística


Criação do cadastro de desaparecidos é fundamental para solucionar casos, defende Andreia Zito

A demora do governo em adotar o Cadastro Nacional de Desaparecidos recebeu duras críticas da deputada Andreia Zito (RJ). A tucana atuou como relatora da CPI do Desaparecimento de Crianças e Adolescentes (entre 2008 e 2010) e, na época, fez várias recomendações, como a criação de delegacias especializadas e a identificação de recém-nascidos já na maternidade. “Se temos um carro roubado, muitas vezes conseguimos encontrá-lo. Se perdemos uma vida, só nos resta lamentar. Não temos um banco de dados sobre as pessoas desaparecidas”, disse.

Segundo dados do relatório final da comissão de inquérito, mais de 50 mil crianças e adolescentes somem no Brasil todos os anos. Os motivos são diversos; maus-tratos (35%), alcoolismo (24%), violência doméstica (21%), drogas (15%) e abuso sexual (9%), de acordo com pesquisa realizada pelo colegiado.

Play
baixe aqui

“Essa triste estatística só tende a aumentar devido ao descaso com que o governo federal vem tratando o assunto”, afirma a deputada. Para ela, é impossível resolver o problema sem o apoio do Estado. “Não tem como você localizar uma criança sem ter o cadastro. Lutamos muito para que ele pudesse ser implantado, mas isso não aconteceu”, explicou.

A dona de casa Magna Vieira Teixeira espera há dois anos por notícias do filho Rodrigo Henrique, que desapareceu no dia 24 de julho de 2010 em Santa Maria, a 26 quilômetros de Brasília. Segundo a mãe, não havia motivos para o jovem fugir de casa. “Ele era um bom menino, estudava, se formaria no ano em que desapareceu. Inclusive era inteligente, nossa família é estabilizada e não tinha razão para ele fugir”, afirmou.

Magna acredita que se o cadastro já estivesse funcionando, a procura pelo filho ficaria mais fácil. “Eu acho importante esse cadastro porque fui à delegacia esses dias e falei para o delegado: doutor, se acontecer alguma coisa com meu filho em outro estado, tem como eu saber? Ele disse que não e fiquei desolada. Ele respondeu que algumas delegacias não têm nem internet, não existe um cadastro”, desabafa.

Para Andreia Zito, a situação precisa de mudanças rápidas, como a destinação de recursos para o enfrentamento dos desaparecimentos, tanto na prevenção e na investigação quanto na repressão e no amparo social às famílias. “Quando será que o governo vai entender que esse tema é apartidário e necessita de soluções sérias, responsáveis e urgentes?”, questionou a parlamentar.

(Reportagem: Gustavo Fernandes/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower/ Vídeo: Hélio Ricardo)

Compartilhe:
12 setembro, 2012 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Triste estatística”

  1. HELLENA disse:

    Que tal cuidarem melhor dos que NÃO estão desaparecidos, AINDA? Para que, não fiquem desaparecidos, nem se tornem motivo de mais exploração e faturamento em cima desse sofrimento. Aos desaparecidos, já, caso de polícia, infelizmente, não precisam de mais leis que obriguem a sua procura, pois já é obrigação das nossas polícias fazerem isso, ou não é? Att, HELLENA TOLDO

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *