Saques suspeitos


Deputados cobram quebra de sigilo de empresas laranja ligadas à Delta

Os deputados Vanderlei Macris (SP) e Domingos Sávio (MG) voltaram a defender a quebra de sigilo de empresas laranja que receberam recursos da empreiteira Delta. De acordo com os tucanos, mais de R$ 421 milhões foram depositados pela construtora nas contas das firmas e sacados posteriormente. A CPI do Cachoeira quebrou até agora o sigilo de seis dessas companhias, o que, na avaliação dos parlamentares não é suficiente, pois todas devem ser investigadas.

Nesta terça-feira (4), os deputados participaram de audiência que ouviria o ex-funcionário da Delta André Teixeira Jorge. Ele foi motorista do ex-diretor da empresa no Centro-Oeste Cláudio Abreu, apontado como principal elo entre a construtora e o bicheiro Carlos Cachoeira. O depoente permaneceu calado e a reunião foi encerrada. Na avaliação dos parlamentares, as oitivas têm ajudado pouco a CPI a avançar.

“Os depoimentos realizados até agora acrescentaram muito pouco àquilo que as investigações da Polícia Federal já tinham feito”, destacou Macris. Para ele, o colegiado precisa se basear em investigar as movimentações financeiras da Delta. “O grande avanço da CPMI é exatamente descobrir a holding financeira que tinha Cachoeira apenas como uma parte dela. Essa holding se chama Delta”, afirmou.

De acordo com o tucano, o cruzamento de dados das empresas, feito pela assessoria técnica do partido, já identificou mais de R$ 421 milhões em depósitos feitos pela Delta em contas de empresas fantasma. Segundo ele, entre 2002 e 2012 a maior parte dos recursos recebidos pela empresa foram públicos e os repasses a firmas que só existem no papel precisam ser averiguados.

“Não dá para essa comissão caminhar se não forem quebrados os sigilos dessas empresas e, a partir daí, identificar o saque desses recursos. Caso contrário, ficaremos com um movimento capenga sem um desfecho do que foi essa movimentação da empresa com recursos, principalmente federais, no abastecimento da organização criminosa”, afirmou.

Para Domingos Sávio, é obrigação da CPI dar uma resposta ao país sobre o paradeiro dos recursos repassados às empresas e identificar os responsáveis pelos saques. “Percebemos um adiamento injustificado de fazer essa quebra de sigilo. Ou a CPI determina isso ou seremos coniventes com o crime e eu não aceito isso”, alertou. O deputado lembra que as empresas que recebiam recursos da Delta “não produzem nada, não prestam nenhum serviço e mesmo assim receberam milhões de reais”.

Nesta terça-feira (4) também seria ouvido o deputado Carlos Alberto Leréia (GO). Por incompatibilidade de agenda, o parlamentar não pode comparecer, mas pediu a remarcação da audiência para este mês. O parlamentar foi convidado pela CPI e quer explicar sua relação com Carlos Cachoeira. “É dever da CPI ouvi-lo. Entendo que ele foi convidado e quem foi convidado tem a prerrogativa de marcar a data. Isso não o coloca em descrédito. Ele tem que vir e nós do PSDB queremos que ele venha”, disse Domingos Sávio.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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4 setembro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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