Herança pesada sim

Kaefer: reação de Dilma às críticas de FHC aos governos petistas foi mais por solidariedade do que racionalidade

A reação da presidente Dilma Rousseff ao artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (publicado simultaneamente no último domingo nos jornais “O Estado de S. Paulo” e “O Globo”) foi mais por solidariedade ao seu antecessor, Luís Inácio Lula da Silva, do que por racionalidade à critica feita pelo tucano ao petista devido à sua “herança pesada”, na qual incluiu o Mensalão e a indicação de ministros demitidos por malversação de recursos públicos ou por corrupção em poucos meses da atual administração federal.

Os comentários sobre a polêmica envolvendo os três últimos presidentes foram feitos hoje pelo deputado Alfredo Kaefer (PR). A seu ver, as afirmações feitas pela presidente Dilma na defesa do ex-presidente Lula são falhas, sobretudo aquelas relativas à economia brasileira, porque, entre outros fatos, ela disse que teria herdado “uma economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infraestrutura e reservas cambiais recordes”.

Na verdade, segundo o parlamentar e empresário, a economia por ela herdada do Lula nada tinha de sólida, nem, tampouco, o crescimento era robusto, uma vez que depois do crescimento de 7% do Produto Interno Bruto em 2010, houve uma queda de expansão econômica de 2,7% em 2011 e, em 2012, o aumento ficará em torno de apenas 1,5%. “Como, então, a presidente Dilma pode afirmar que o ex-presidente Lula lhe deixou uma herança bendita?”, indagou Kaefer.

Além disso, conforme acrescentou, os investimentos em infraestrutura nada tinham de “consistentes”. Tanto que, recentemente, a própria presidente Dilma teve de lançar um novo programa de investimentos em ferrovias e estradas usando modelo privatizante antes adotado pelo governo FHC, que recebeu, até mesmo, o apoio do PSDB por meio de nota oficial. E, em breve, terá de lançar outro para aeroportos e portos. Eles são, na opinião de Kaefer, a maior prova que os investimentos em infraestrutura do governo Lula (no qual a atual presidente ocupou posição de destaque como chefe da Casa Civil) nada tinham de consistentes e contribuíram para o aumento do custo Brasil.

Finalmente, segundo o deputado federal paranaense, a inflação sob controle e as reservas cambiais recordes que ela incluiu na “herança bendita” do Lula, dão hoje sinais de reversão de suas expectativas de estabilidade, devido a erros sucessivos de política econômica na administração de fatores como juros, câmbio e tributos, dentro de uma conjuntura internacional de crise desde 2008.

Prova de má administração econômica do Brasil nos dois governos Lula e Dilma, conforme Kaefer, é o fato de que o Brasil está na lanterna do desenvolvimento de países da América Latina e daqueles do bloco BRICS, atrás da China, Rússia, Índia e África do Sul. A situação, na sua opinião, deve piorar devido à queda das exportações de algumas commodities, especialmente de minério de ferro, e de produtos industrializados, sobretudo para a Argentina. Os governos petistas erraram, nos últimos 10 anos, por não ter agregado valor às suas commodities e pela concentração regional de suas vendas externas de produtos industrializados tornando o país bastante dependente de outros como a Argentina, concluiu o parlamentar e empresário.

(Da assessoria do deputado)