PIBinho sem graça


Anos de desacertos dos governos do PT na condução da economia cobram agora seu preço

A Carta de Formulação e Mobilização Política desta segunda-feira (3) chama a atenção para vários aspectos envolvendo o baixo crescimento da economia brasileira. Pior do que o passado, é a falta de perspectiva confiável de que irá recuperar o ímpeto à frente. “São anos de desacertos que cobram agora seu preço: vão desde opções equivocadas de política econômica à irresponsabilidade exibida pela gestão petista para eleger Dilma. Entre os emergentes, decepcionamos; entre os Bric, somos os piores. Ainda vai demorar até que o país retome um caminho seguro rumo a um futuro mais próspero”, alerta o documento editado pelo Instituto Teotônio Vilela, cuja íntegra está disponível abaixo.

O país continua crescendo pouco. Pior que isso, não exibe perspectiva confiável de que irá recuperar o ímpeto mais à frente. São anos de desacertos que cobram agora seu preço: vão desde opções equivocadas de política econômica à irresponsabilidade exibida pela gestão petista para eleger Dilma Rousseff.

Na sexta-feira, o IBGE divulgou o resultado do segundo trimestre. O país avançou 0,4% na comparação com os três primeiros meses do ano, quando o crescimento – agora revisto – fora de apenas 0,1%. Há dois anos, o Brasil patina sem sair do lugar. As curvas, todas elas, apontam para baixo.

A taxa de crescimento acumulada nos últimos 12 meses foi de 1,2%. Para todos os efeitos, é esta, portanto, a velocidade na qual a economia brasileira roda hoje. É interessante observar como este indicador se comportou nos últimos tempos. As conclusões são reveladoras.

Seu ápice coincide – surpresa! – justamente com o período da eleição de Dilma. No terceiro trimestre de 2010, o país acumulava 7,6% de crescimento em 12 meses. Desde então, sistematicamente o indicador desceu ladeira abaixo até chegar ao 1,2% atual – vale registrar que há apenas um ano estava em 4,9%.

O que isso significa? Significa, muito claramente, o quanto a gestão petista acelerou artificialmente o país para criar um clima de euforia e eleger a presidente. Resta claro que a exaustão cobrou seu preço e o motor fundiu: o paradeiro atual é, evidentemente, fruto da irresponsabilidade eleitoreira do PT.

Nos 18 primeiros meses da gestão Dilma, o país cresceu apenas 2%, mostrou O Globo. A presidente coleciona uma série nada invejável de recordes. O PIB teve o pior semestre desde 2009, com alta de apenas 0,6%. São quatro trimestres crescendo abaixo de 1%, patamar considerado mínimo para o país decolar. Trata-se do “mais longo ciclo de baixo crescimento desde o Plano Real”, na síntese da Folha de S.Paulo.

Se o passado não brilha, o futuro apresenta-se igualmente opaco. O investimento na expansão da capacidade produtiva do país é cadente. Há quatro trimestres o indicador cai: desta vez, o recuo foi de 0,7% frente ao primeiro trimestre e de 3,7% sobre igual período de 2011.

Em proporção do PIB, a taxa de investimento desceu a 17,9%, quando se sabe que o Brasil precisa investir, no mínimo, 25% – não custa lembrar que na China a proporção é de 45% e na Índia, 34%. Parte importante deste mau resultado deve-se ao frustrante desempenho das empresas estatais, que não conseguem executar o que o Orçamento da União prevê.

Um dos componentes mais fracos da economia hoje é a indústria, que caiu 2,5% no trimestre em relação aos três primeiros meses do ano. O setor, que já respondeu por cerca de um terço da nossa economia, hoje se encolheu à dimensão que tinha antes da era JK: a participação da indústria da transformação no PIB retrocedeu a 12,8%, menor índice já registrado pelo IBGE, segundo o Valor Econômico.

O setor externo é outra decepção. Como a demanda ainda está aquecida, à base de estímulos oficiais ao consumo, e a indústria fraqueja, o mercado é atendido por importações, que cresceram 1,9% no trimestre. Ao mesmo tempo, as exportações brasileiras não conseguem abrir espaço no mercado internacional, enquanto produtos em que o país se saía bem – como minério de ferro, açúcar e café – vêem seus preços cair. Só isso retirou 0,7 ponto percentual do PIB no trimestre.

Por um longo tempo, Lula, Dilma, Guido Mantega e os porta-vozes oficiais disseram que o país era uma ilha isolada do tsunami econômico que assola o mundo. Nunca foi. Agora, dizem que a culpa pelos maus resultados do PIB é do exterior. Em parte. As condições internas de produção no país estão piorando a olhos vistos.

Se fossem apenas as condições externas que estivessem ruins, o Brasil não estaria crescendo tão abaixo de todos os países de porte e perfil similares aos seus. Entre os emergentes, decepcionamos; entre os Bric, somos os piores. Entre 35 países que já divulgaram o resultado de seu PIB no segundo trimestre, perdemos para todos os latino-americanos e ocupamos, na lista geral, apenas a 23ª posição, mostrou a Austin Rating.

No ano passado, o Brasil cresceu decepcionantes 2,7%. Foi considerado um “pibinho”. Neste ano, mantido o ritmo atual, não ultrapassará 1,6%, conforme levantamento do Banco Central divulgado nesta manhã. Há muita gente competente achando que a economia brasileira não superará 1,3% em 2012. Que nome dar a isso? Pibizinho?

Alguns meses atrás, um banco estrangeiro, o Credit Suisse, previu que o Brasil só cresceria 1,5% neste ano. Mantega, o ministro das lentes cor-de-rosa, estrilou. Ficou bravo e disse que aquilo era “piada”. Deve estar agora rezando para que a pilhéria dos franceses se concretize, para que a palhaçada que comanda não fique ainda mais sem graça.

Há muito tempo, o governo do PT vem insistindo numa receita carcomida: o incentivo despudorado ao consumo. O motor do desenvolvimento sustentado, porém, foi negligenciado: os investimentos continuam em marcha lenta. O rol de ações para sair do atoleiro é conhecido, com ações que melhorem a infraestrutura produtiva, desonerem a produção e alavanquem o investimento privado.

Só recentemente, depois de muita derrapagem, a gestão Dilma deu-se conta de que estava trilhando a estrada errada. Algumas correções foram feitas, principalmente por meio da opção pela privatização da infraestrutura viária. Ainda vai demorar muito, contudo, para que o país retome um caminho seguro rumo a futuro mais próspero.

(Fonte: ITV)

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3 setembro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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