PIBinho


Queda no fôlego da economia é reflexo da falta de reformas e de ações efetivas, avaliam deputados

A nova projeção de crescimento da economia brasileira em 2012, divulgada nesta segunda-feira (3), reflete a estagnação gerada pela falta de reformas e de ousadia do governo federal na adoção de medidas fundamentais para o desenvolvimento do país. A avaliação foi feita pelos deputados Eduardo Azeredo (MG) e Marcus Pestana (MG). De acordo com o último boletim Focus do Banco Central, a perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi reduzida para 1,64%. É a quinta semana consecutiva de queda do índice.

O número vai ao encontro de dados divulgados na sexta-feira (31) pelo IBGE. De acordo com o instituto, o tímido avanço de 0,4% da economia no segundo trimestre do ano vem acompanhado por redução de 0,7% nos investimentos e de 2,5% na indústria. As estatísticas mostram que a economia brasileira tem crescido no mesmo ritmo de países europeus em plena crise e bem abaixo de outras nações emergentes.

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Para Azeredo, as ações de estímulo à economia, sobretudo para aquecer a indústria, não surtiram os efeitos desejados. “O fato é que as medidas do governo até agora não deram resultado. Estamos vendo que o Brasil está com o crescimento muito pequeno e há um esgotamento desse modelo de usar crédito consignado para aumentar o consumo. A diminuição de IPI prejudica estados e municípios e o clima não é mais o mesmo de anos atrás”, alertou.

O deputado lembra que a gestão petista tem ampla maioria no Congresso e, com isso, poderia ter feito reformas estruturantes, mas não teve ousadia para tanto. De acordo com ele, a falta de planejamento tem contribuído para os pífios resultados e poderá acarretar em prejuízos para a sociedade. A população ainda não sentiu diretamente os principais efeitos da retração, mas no médio prazo poderá enfrentar problemas sérios de desemprego e de inflação alta.

“O futuro do brasileiro vai ser afetado exatamente por essa ojeriza ao lucro, por essa indecisão na hora de fazer programas de privatização na área de infraestrutura e pela burocracia crescente. Essas são dificuldades colocadas pelo governo impedindo o Brasil de crescer”, destacou.

O tucano lembra que o PAC, principal programa de investimentos do governo, é exemplo de lentidão e de má gestão. De janeiro a julho, apenas 10,5% dos R$ 44 bilhões autorizados para o programa foram pagos. Os números relativos a investimentos do governo federal também são desanimadores. Dados da Assessoria Técnica da Liderança do PSDB mostram que, de janeiro a agosto, dos R$ 90,2 bilhões autorizados para essa finalidade, apenas 33,6% foram empenhados. O total efetivamente pago é ainda menor: somente R$ 9,3 bilhões, ou 10,4%.

Pestana avalia que o país sofre, desde a crise econômica de 2009, um problema crônico de baixo crescimento. Segundo ele, a melhor política social é o desenvolvimento econômico que gera emprego, salário e renda para a população. Algo, que em sua opinião, não tem ocorrido. Para o tucano, são essenciais ao país as reformas tributária e trabalhista; investimentos pesados em infraestrutura, que poderiam ser ampliados com as privatizações; modernização do mercado de trabalho e incentivo à inovação científica e tecnológica.

O PSDB, de acordo com ele, preparou a base do desenvolvimento na gestão de Fernando Henrique Cardoso, mas o ex-presidente Lula apenas “surfou na onda do melhor momento do capitalismo mundial”. Agora, com a crise que afeta vários nações mundo afora, o deputado afirma que o Brasil sai afetado porque não se preparou. “Não bastam arranjos pontuais e uma concepção política de aparelhamento em plena crise e um Pibinho projetado de apenas 1,6%. É preciso clareza de diagnóstico e ousadia. O PT surfou na onda e agora mostra suas limitações.”

Em artigo publicado no domingo em dois grandes jornais, FHC faz a mesma consideração. Segundo ele, Lula, “nos anos de bonança, em vez de aproveitar as taxas razoáveis de crescimento para tentar aumentar a poupança pública e investir no que é necessário para dar continuidade ao crescimento produtivo, preferiu governar ao sabor da popularidade”. Como resumiu Pestana, foram “dez anos de timidez, falta de clareza, atraso ideológico e, por isso, a economia colhe resultados muito menores do que deveria”.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

 

 

 

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3 setembro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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