Planejamento desconectado


Obras de logística do governo não acompanham as necessidades do país, lamentam deputados

Deputados do PSDB culparam nesta quarta-feira (29) o governo petista pelos gargalos logísticos no setor do agronegócio. Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta enorme distância entre as obras de logística que o governo planeja – ou já executa – daquelas que o produtor nacional defende. Para os deputados Raimundo Gomes de Matos (CE) e Nilson Leitão (MT), isso é resultado da falta de ordem e de planejamento.

“Há um descompasso entre o divulgado e o executado. A cada relatório do TCU, é demonstrado o descompasso da execução orçamentária. A falta de acompanhamento pelos próprios técnicos dos ministérios gera instabilidade no desenvolvimento do país. Existem obras anunciadas há oito anos que não se concretizam, o que demonstra a falta de planejamento e a insensibilidade dos atuais gestores em fazer com que o país possa ser uma grande nação”, apontou Gomes de Matos, presidente da Comissão de Agricultura.

Por meio de entrevistas com organizações do agronegócio e estatais ligadas ao Ministério dos Transportes, o TCU mapeou um total de 265 intervenções de infraestrutura necessárias para dar fim aos principais gargalos logísticos. Ao cruzar a lista de obras públicas com aquelas que o setor deseja, chegou-se a um cenário preocupante: 104 empreendimentos, o equivalente a 40% do total, nem sequer estão nos planos do governo, conforme mostrou o jornal “Valor Econômico”.

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O descompasso é maior na área de portos, onde 67% das ações demandadas pelos produtores não estão nos planos da União. Nas hidrovias, que têm o preço mais barato para transporte de carga, essa média é de 49%. Nas ferrovias, 56% dos projetos necessários estão fora do planejamento.

O mais lamentável é que os problemas de infraestrutura não estão restritos só às condições precárias, mas também à falta de projeto, de acordo com Gomes de Matos. “Há gargalo no sistema viário, seja nas hidrovias, rodovias ou ferrovias. Sem falar do gargalo no setor aéreo. O PT não consegue fazer com que o país desenvolva, já que falta ordem entre a liberação dos recursos da União e a execução das obras estruturantes. O PSDB sempre cobra uma melhor gestão. Infelizmente o PT não tem disposição e nem habilidade para fazer com que o país cresça”, completou.

Também integrante da Comissão de Agricultura, Nilson Leitão afirma que o governo tem um planejamento desconectado com a necessidade do país. “O PT gasta mal o dinheiro e, quando tem obras planejadas, já há indícios de corrupção. Apavora ainda mais saber desse planejamento desconectado”, completou.

O tucano lamenta o fato de não existir, no plano de governo, por exemplo, hidrovias. “Enquanto a Europa investe trilhões para aumentar a capacidade de logística por hidrovia, o governo do PT joga de escanteio. As ferrovias só valem nos programas eleitorais. A produção brasileira é o carro chefe da economia. É uma pena gastar recurso na elaboração de projetos desnecessários. Enquanto isso, aqueles que dariam eficiência à economia estão sendo jogados para escanteio. É o atestado de incompetência e irresponsabilidade.”

Corredores de escoamento

→ A última edição do Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT, 2009), utilizada pelo governo para estabelecer suas prioridades de investimento, indica uma participação de 58% do modal rodoviário na matriz de transportes, seguida pelo ferroviário (25%) e aquaviário (13%), ainda de acordo com a reportagem.

→ A auditoria se concentrou em cinco grandes corredores de escoamento do país, apontando diversos tipos de intervenções em cada um deles. O corredor do Rio Madeira está focado no escoamento da produção do oeste do Mato Grosso e de Rondônia, com destino às regiões Norte, Nordeste e mercados de exportação. O corredor da BR-163, entre o Mato Grosso e o Pará, conecta importantes regiões produtoras da porção Centro-Norte (Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Guarantã do Norte) ao porto fluvial de Santarém (PA). No Centro-Oeste, a obra mais importante é a Ferrovia Norte-Sul (FNS), que deve se transformar no principal eixo logístico do país.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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29 agosto, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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