Manobra política


Depoimento de Paulo de Souza foi tentativa de abafar denúncia contra PT, avaliam deputados

Os deputados do PSDB na CPI Mista do Cachoeira consideraram o depoimento do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza esclarecedor em relação a suspeitas relacionadas a possíveis doações ilegais para campanhas em 2010. Um dia após o ex-diretor do Dnit Luiz Antônio Pagot assumir ter intermediado doações para a campanha da presidente Dilma Rousseff, Souza negou o uso de dinheiro público para beneficiar candidatos no estado de São Paulo.

Os parlamentares observaram que a convocação de Souza foi de cunho meramente político e com o intuito de prejudicar o PSDB. Para os tucanos, a ida do depoente à CPI nem deveria ter ocorrido e só aconteceu para evitar a convocação do ex-tesoureiro da campanha de Dilma, deputado José de Filippi (PT-SP). Segundo Pagot, Filippi o procurou para conseguir recursos junto a empresas contratadas pelo Dnit. Além dele, Ideli Salvatti e Hélio Costa teriam feito o mesmo. Já Souza garantiu nunca ter insistido para conseguir aditamento para obra do Rodoanel, em São Paulo, para beneficiar campanhas como noticiou a imprensa.

“Uma conversa de bêbado o trouxe aqui enquanto a decisão dos sóbrios deixou de fora o senhor José de Filippi”, destacou o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE). Para ele, ficou claro que não houve irregularidades nas relações do governo paulista com a Delta. Os contratos da empresa com o estado representam apenas 2% dos recursos públicos recebidos por ela.

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Para o líder da Minoria, Antonio Carlos Mendes Thame (SP), a convocação de Paulo Souza foi resultado de uma orquestração política. “Os esclarecimentos pouco ajudaram a desvendar o caso da Delta. Do ponto de vista dos objetivos da CPI pouco se esclareceu, mas em relação às dúvidas referentes ao governo de São Paulo, ficou claro que o depoente de hoje nada arrecadou, diferente do Pagot, que o fez a pedido do tesoureiro do PT”, afirmou. Para o deputado, a atitude de Filippi foi criminosa, pois utilizou da máquina pública para conseguir recursos de campanha.

O deputado Vanderlei Macris (SP) ficou satisfeito com as afirmações de Paulo de Souza e disse que ele esclareceu um mal entendido. “A presença dele foi uma tentativa de encobrir o mais importante, que era a vinda do José de Filippi, que usou dentro do Dnit a força do Estado para arrecadar fundos para a presidente Dilma”, afirmou, ao criticar a rejeição de pedido de convocação do ex-tesoureiro pelo plenário da CPI.

O deputado Carlos Sampaio (SP) rebateu acusações do líder do PT, Jilmar Tatto (SP), que disse que o PSDB “sangrava” na CPI por conta de denúncias. “Quem sangra é o PT no momento em que é apurado que o tesoureiro da presidente foi a um órgão público pedir para seu diretor conseguir doações de campanha para ela e quando fica revelado que o braço financeiro da organização criminosa aqui investigada é a Delta, principal parceira do governo federal em obras do PAC”, disse.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower/ Vídeo: Hélio Ricardo)

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29 agosto, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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