Avanços em várias frentes

Resultado de enquete representa reconhecimento do legado deixado por FHC, destacam deputados

Para os deputados Raimundo Gomes de Matos (CE) e Antonio Imbassahy (BA), o trabalho desenvolvido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso garantiu avanços em diversos setores do país. O legado deixado pelo tucano foi reconhecido em enquete do portal “iG”, que o apontou como o presidente que mais fez pelo Brasil. FHC, que governou de 1995 a 2002, recebeu 116.306 votos dos internautas, superando o petista Luiz Inácio Lula da Silva, com 63.312 votos.

“A pesquisa mostra todo o trabalho que o PSDB implementou no país a partir de um planejamento com metas estabelecidas. A partir da estabilidade da moeda, com o Plano Real,  garantiu o avanço em obras estruturantes, em ações sociais com programas na educação, enfrentamento à pobreza, entre outros. É lamentável que o governo do PT não tenha dado sequência a esse planejamento. Hoje vemos o gargalo em vários setores: infraestrutura, saúde, educação, entre outros. O país perdeu seriedade e moralidade da gestão pública”, ressaltou Gomes de Matos nesta terça-feira (28).

Imbassahy afirmou que o resultado faz justiça a um dos maiores presidentes que a nação já teve. “FHC foi responsável pela estabilidade da economia. Deixou alguns legados como o combate à inflação, Lei de Responsabilidade Fiscal, as regras que permitiram o avanço na exploração e produção do petróleo (Lei do Petróleo), entre outras ações. Muita coisa foi feita pelo ex-presidente”, completou. Na opinião do deputado, foi um governante que não apenas cuidou do presente, mas projetou o Brasil para o futuro. “Um estadista que orgulha o PSDB.”

Em 1994, durante o governo Itamar Franco, Fernando Henrique teve papel fundamental na criação do Plano Real, que acabou com a hiperinflação. O projeto conseguiu reduzir o aumento dos preços, que chegou a 46,58% ao mês em junho daquele ano. Na área social, introduziu os primeiros programas de distribuição de renda. Os dois mandatos do tucano também ficaram marcados pelas privatizações em vários setores da economia, como a das telecomunicações, que facilitou o acesso da população ao serviço.

Em entrevista ao “Poder Online” sobre a enquete, FHC disse que “a ação de cada presidente vai se sedimentando na avaliação das pessoas melhor informadas”. “Obviamente, há também um fator de proximidade com as questões atuais do país. É mais difícil avaliar a ação de alguém que já desapareceu da cena há, digamos, 50 anos. De qualquer forma, permanecer na memória não é fácil”, acrescentou FHC.

Em abril deste ano, a Câmara lançou um documentário sobre a história do tucano. O filme conta a trajetória do sociólogo e acadêmico que se tornou presidente da República por dois mandatos consecutivos. O ex-presidente participou da cerimônia.

Relembre alguns dos legados do governo FHC:

Lei de Responsabilidade Fiscal: a LRF provocou uma mudança substancial na maneira como é conduzida a gestão financeira dos três níveis de governo. Até então, o governo federal não tinha mecanismos para medir o endividamento total do país. Como medida de contingenciamento para a implantação da LRF, o governo tomou para si as dívidas públicas estaduais e municipais, tornando-se credor dos estados e municípios altamente endividados.

Combate à Aids e ao trabalho infantil: o Ministério da Saúde conteve a velocidade com que a doença vinha progredindo no país. A partir de 1996, as taxas de incidência dos casos começaram a apresentar uma estabilização em torno de 14,5 casos por 100 mil habitantes. Entre 1999 e 2000, a taxa de 13,6 casos pelo mesmo número de habitantes caiu para 12,4 casos. O modelo brasileiro de combate à Aids permitiu em seis anos melhoria de qualidade de vida do paciente portador do vírus. Durante o governo, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE) registrou uma queda de 6,14% no trabalho infantil (de 18,7% para 12,6%).

Bolsa-Escola: FHC introduziu o primeiro programa de distribuição direta de renda. Hoje, é estendido por todo o país, beneficiando famílias carentes. Além disso, o governo tucano criou o Vale Gás e o Cartão Alimentação. A universalização do programa foi realizada em 2001 pelo governo de FHC. Chegou a beneficiar mais de 5 milhões de famílias em todo o Brasil quando, em 2003, foi incorporado ao Programa Bolsa Família pelo presidente Lula.

Genéricos: a lei de incentivo aos medicamentos genéricos possibilitou a queda dos preços e barateou o custo dos remédios nas farmácias em um curto espaço de tempo. Eliminou os impostos federais dos medicamentos de uso continuado. Os genéricos são 40% mais baratos, em média, que os remédios de marca e têm a mesma garantia quanto aos efeitos terapêuticos.

Ranking dos presidentes

→ Itamar Franco (1992-1994), a atual presidente Dilma Rousseff (desde 2011), Fernando Collor de Mello (1990-1992) e José Sarney (1985-1990) apareceram em seguida, nesta ordem. Itamar recebeu 5.187 votos. Dilma, com um ano e oito meses de mandato, teve 4.884 votos e ficou à frente dos ex-presidentes Fernando Collor (4.275 votos), e José Sarney (1.064). Ao todo, foram computados 195.028 votos em sete dias. A plataforma do iG teve um grande alcance nas redes sociais, em especial no Twitter e no Facebook.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)