“Conversa de bêbado”


Depoimento de Pagot compromete governo e esvazia acusação contra tucanos, avaliam deputados

Em depoimento na CPI Mista do Cachoeira nesta terça-feira (28), o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot negou que recursos do aditivo de uma obra seriam usados na campanha de tucanos. Ele classificou de “conversa de bêbado em botequim” o diálogo que gerou a acusação e afirmou não haver provas que comprovem o caso.

Pagot admitiu ter pedido a empresas contratadas pelo Dnit que doassem recursos para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010. A ação se deu após solicitação feita pessoalmente pelo tesoureiro da campanha da petista, o deputado José de Filippi (PT-SP).

Na avaliação dos deputados Carlos Sampaio (SP) e Vaz de Lima (SP), a oitiva do ex-diretor reforçou as incoerências nos trabalhos da CPMI. “Ele deixou claro aqui que um terceiro teria dito para ele que poderia haver um esquema de corrupção. Paulo Souza foi convocado em razão dessa conversa enquanto José de Fillipi não foi convocado. São essas incoerências que acontecem em uma CPI governista. Quem está envolvido com ato de improbidade não vem e quem é referido numa conversa de bêbado tem que vir”, destacou Sampaio.

Play
baixe aqui

Segundo Pagot, ele estava em um restaurante quando um conhecido disse que o aditivo tinha a finalidade de contribuir com campanhas de tucanos. Ele contou a conversa para um repórter, que publicou a acusação. “Eu diria que não havia necessidade de ter convocado o Paulo de Souza, mas se foi feito deveria também ter sido convocado o José de Fillipi”, afirmou Vaz de Lima.

Na avaliação de Sampaio, Pagot “comprometeu bastante o governo”. “Ele deixou claro que o tesoureiro da presidente pediu a indicação de empresas para arrecadar dinheiro para a campanha. Também deixou todos estarrecidos quando confirmou que a ministra Ideli Salvatti foi até ele pedir recursos para sua campanha e que, por ele ter negado, ela evidenciou ter ficado contrariada”. O ex-ministro Hélio Costa  também teria pedido ajuda.

Em relação a Carlos Cachoeira, o ex-diretor do Dnit afirmou não conhecê-lo, mas se disse vítima de um complô entre o bicheiro e diretores da Delta que teriam “plantado” as notícias veiculadas pela imprensa para que ele deixasse o cargo. Esse complô teria sido motivado porque o então diretor não aceitava beneficiar o grupo.  Domingos Sávio (MG) lembrou que a Delta depositou centenas de milhões de reais em contas de empresas fantasma e não foi investigada. Como destacou, nem mesmo o Dnit sabia da atuação da companhia com uma organização criminosa. “Agora a CPI não pode deixar de investigá-la”, afirmou.

Nesta quarta-feira (29), além de Paulo de Souza, a CPI receberá o ex-presidente da Delta Fernando Cavendish. Ele pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para não comparecer, mas teve a solicitação negada pelo ministro Cezar Peluso. Ainda assim, Cavendish poderá  utilizar o direito de permanecer calado para não produzir provas contra si.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower/ Vídeo: Hélio Ricardo)

Compartilhe:
28 agosto, 2012 Últimas notícias 2 Commentários »

2 respostas para ““Conversa de bêbado””

  1. SANDRA D'AGOSTINI disse:

    Caro deputado. Estamos no aguardo das providências por parte da oposição quanto as declarações de Pagot referentes a cobrança de dinheiro de empresas à campanha de Dilma. Isso é crime!

  2. Luiz Carlos de Azeredo Coutinho disse:

    Quero ver que repercussão esse depoimento do Pagot vai ter… tudo que afeta o PT é desconsiderado ou minimizado, seguindo aquele procedimento do MALA-MOR, Lula da Silva, de menospresar o adversário. A oposição vai ter que endurecer o jogo e os parlamentares as suas atitudes. O relator Odair Cunha é fanático e aprendeu bem a lição do professor… alguém vai ter que dar um chega-pra-lá nele lá na CPMI.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *