Agricultura


Aumento das exportações de milho agravará crise aviária, alertam parlamentares da região Sul

Parlamentares de vários partidos da região Sul, entre eles o deputado Alfredo Kaefer (PR), estão alertando as autoridades brasileiras, sobretudo as dos ministérios da Agricultura e o de Desenvolvimento, para a possibilidade de agravamento da crise do setor avícola devido ao aumento excessivo das exportações de milho, estimulado pela quebra da safra de grãos dos Estados Unidos por causa da seca.

Diante da atual crise aviária, motivada basicamente por causa da redução da oferta de insumos derivados da soja e do milho e da alta dos seus preços (aumentaram no Brasil, respectivamente, 80% e 40% desde o início de 2012), o governo federal limitou-se, até agora, a anunciar a realização de leilões de milho subsidiado para a região Sul do País. Embora necessária, a medida isolada é insuficiente para reverter os problemas enfrentados pelos diversos segmentos do setor, inclusive os avicultores. Eles necessitam de recursos para capital de giro e de outras medidas, como a redução de tributos federais concedidos à produção e venda de bens duráveis, conforme vem sendo defendido pela União Brasileira de Avicultura (UBABEF).

Por outro lado, a maioria dos parlamentares ainda não se conscientizou sobre a gravidade da crise aviária e das suas consequências para a segurança alimentar dos brasileiros, sobretudo dos seus segmentos menos favorecidos, devido à redução da oferta de frangos e de seus produtos no mercado interno, acompanhada da alta gradual de seus preços apesar de os custos de produção terem aumentado bastante.

Os preços de frangos e de seus produtos só não estão maiores no atacado e no varejo brasileiro porque o setor de avicultura está repassando apenas parte do seus custos e a oferta de suínos vem sendo relativamente mantida no mercado interno, acompanhada de ganhos pelo setor com as exportações, paralelamente ao aumento temporário da oferta de carne bovina. Porém, já ocorreram especulações com os preços de frangos e seus produtos em São Paulo, onde a renda dos consumidores é maior.

Os deputados federais mais ligados ao setor aviário pretendem submeter os problemas sociais gerados pela crise aviária (desemprego dos trabalhadores, redução da oferta de frangos e aumento de seus preços) à Subcomissão Especial de Segurança Alimentar, que é vinculada à Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara. A alta excessiva das exportações de milho, dentro de um contexto de redução de sua oferta ao mercado interno, é um dos principais problemas atuais citados pelos parlamentares.

Empresário com atuação no setor aviário, Alfredo Kaefer considerou excessivos os aumentos de 61% e de 37% das exportações de milho em agosto corrente comparativamente ao igual mês de 2011 e ao último mês de julho, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento. A média mensal de exportações de dois milhões de toneladas de grãos de milho será facilmente superada em agosto, porque as vendas externas já haviam atingido 1,9 milhão no final da semana passada.

Em Santa Catarina, estado de parlamentares da base governista que vêm manifestando suas preocupações com a crise, duas granjas chegaram a matar pintinhos em julho último porque não teriam dinheiro nem ração para alimentá-los. Em Mandirituba (região metropolitana de Curitiba), o avicultor Floriano Milka sofre com a falta de insumos para alimentar seus frangos. Eles, segundo a edição de hoje da “Folha de S. Paulo”, já deveriam pesar 900 gramas com 22 dias, mas estão pesando apenas 550 gramas.

A carência de insumos resulta também de problemas de logística: o transporte de grãos entre as regiões Centro-Oeste (onde se concentra a maior parte da produção) e a região Sul, na qual existe a maior concentração de avicultores e de outras empresas do setor no Brasil.

(Da assessoria do deputado Alfredo Kaefer/ Foto: Valter Campanato/ABr)

 

 

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28 agosto, 2012 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Agricultura”

  1. Luiz disse:

    É isso que me deixa intrigado!, somos grandes exportadores de debenturis, no entanto tudo que precisamos para sobrevivência custa-nos o “olho da cara” como é caso do Milho, da Soja, do Café, não existe uma maneira humana de contrabalancear esta disparidade, tudo bem uma saca de soja a R$ 80,00, é muito salutar pro produtor de soja, mas pagar de R$ 3,00 a R$ 4,00 por 900ml de óleo de soja é um tanto explorativo para uma população que ganha ricos salários de R$ 620,00 bruto não acham!

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