Delta na mira


Depoimentos de Pagot e Cavendish na CPI do Cachoeira são fundamentais, afirmam deputados

Nesta semana, a CPI Mista do Cachoeira receberá alguns dos mais aguardados depoentes. O ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) Luiz Antônio Pagot e o dono da construtora Delta, Fernando Cavendish, devem comparecer ao colegiado na terça (28) e na quarta-feira (29), respectivamente. Na avaliação de Vaz de Lima (SP) e Domingos Sávio (MG), a comissão de inquérito avançará com as investigações após as oitivas.

Desde o início dos trabalhos, os tucanos têm defendido a ida de Cavendish ao colegiado. O empresário afirmou em 2011 que “com alguns milhões seria possível comprar um senador para conseguir um bom contrato com o governo”. Neste ano, foram divulgados vídeos dele ao lado do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, em Paris. O governo do Rio, assim como o Planalto, tem contratos milionários com a Delta, que é a principal empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Play
baixe aqui

De acordo com a Polícia Federal (PF), a empresa recebeu quase R$ 4 bilhões dos contratos com o governo e repassou pelo menos R$ 413 milhões a empresas de fachada ligadas a Carlinhos Cachoeira. Para os deputados, dificilmente o empresário falará na CPI, pois já entrou com pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para sequer comparecer. Caso não consiga a liberação, Cavendish tem a opção de ficar calado alegando não produzir provas contra si.

Para Domingos Sávio, o silêncio do empresário poderá representar uma confissão de culpa. “Espero que Cavendish esteja presente. Não tenho muita esperança de que ele vá falar, mas é importante que venha e saiba que a CPI não vai permitir o desvio de foco para brigas partidárias. Queremos que o envolvimento do dinheiro público com o crime organizado seja esclarecido e, os culpados, punidos. E, ao que tudo indica, a empresa dele está bastante envolvida”, afirmou.

Segundo o deputado, os inúmeros depósitos feitos pela construtora em contas de empresas fantasma provam que havia irregularidades com o dinheiro público recebido pela Delta. Para ele, caso Cavendish não fale, o depoimento de Pagot poderá esclarecer pontos importantes. O ex-diretor do Dnit afirmou por várias vezes que queria ser ouvido pela comissão. “Pagot tem o dever de esclarecer como eram feitos os contratos e aditivos e por que essas empreiteiras eram alvos prioritários para captar dinheiro, seja para campanhas ou outras finalidades. Espero que ele fale”, destacou.

O deputado apresentou requerimento pedindo que a Polícia Federal investigue a Delta. A intenção do tucano é que o trabalho da polícia complemente o da CPI.

Para Vaz de Lima, a agenda de depoimentos desta semana mostra que os parlamentares estão no rumo certo. “A CPI agora encontrou o caminho mais correto. Queremos é fazer uma investigação na atuação da Delta”, disse. “A comissão não pode se transformar numa CPI do governo de Goiás, como aconteceu até aqui. Queremos conhecer a atuação da Delta, que é um braço da organização de Cachoeira”, completou.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

Compartilhe:
27 agosto, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *