Esquema de corrupção

Área de publicidade do Banco do Brasil seria “total balbúrdia” na época do mensalão

Os primeiros votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão revelam o estrago provocado no Banco do Brasil pelo aparelhamento e distribuição de cargos promovidos no governo Lula. O ministro revisor Ricardo Lewandowski classificou de “total balbúrdia” a área de publicidade da instituição financeira. Segundo ele, serviços eram pagos e não prestados, havia pagamento de propina e 80 mil notas frias teriam circulado.

Para o deputado Vaz de Lima (SP), o PT montou o esquema de corrupção para se perpetuar no poder. “Eles instrumentalizaram, utilizaram todo esse aparato, essa máquina pública, para dar sustentação ao projeto de poder no país”, afirmou. O tucano disse ainda que o PT, além de confundir o público com o privado, confunde o público com o partidário. “Portanto temos aqui um trinome, Público, Privado e Partidário. Essa é a PPP que o Partido dos Trabalhadores sabe fazer”, ressaltou.

Os ministros Joaquim Barbosa e Lewandowski concordam que o ex-diretor de marketing do banco Henrique Pizzolato é culpado. O revisor do processo defendeu a condenação por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. De acordo com ele, o ex-diretor recebeu R$ 326,6 mil de Marcos Valério e seus sócios na DNA Propaganda. Lewandowski, no entanto, votou pela absolvição do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), acusado de usar a condição de presidente da Câmara para beneficiar agência de Marcos Valério.

Na avaliação de Márcio Bittar (AC), o Estado não pode ser apropriado por nenhum partido. “O Estado brasileiro democrático de direito tem que ser uma máquina que funciona pelos seus méritos e ninguém pode se achar dono dele. Essa é a lição de amadurecimento que vai ficar do Supremo”, finalizou.

De acordo com a “Folha de S.Paulo”, Lula trocou 21 dos 33 cargos de cúpula do BB para acomodar os companheiros. Em 2003, matéria do jornal revela que cerca de um terço dos 150 principais executivos da instituição foi substituído. Na época, o então presidente do Sindicato dos Bancários assumiu a Fundação Banco do Brasil e o vice-presidente foi direto para a chefia da Cassi, outra posição estratégica. Naquele ano, o ex-presidente do sindicato Augusto Carvalho afirmou que “se você não é petista de carteirinha, está fora”.

(Reportagem: Artur Filho/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)