Caminho do dinheiro


Depoimento de procuradores reafirma necessidade de focar investigações na Delta

A necessidade de focar as investigações da CPI Mista do Cachoeira na construtora Delta e em empresas laranja se torna cada vez mais evidente, na avaliação de deputados tucanos. Apesar de parlamentares governistas tentarem desviar o foco, membros do PSDB ficaram ainda mais convencidos após os depoimentos do procuradores Léa Batista de Oliveira e Daniel Rezende, responsáveis pelos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal. Segundo eles, os braços político e financeiro da quadrilha não foram investigados ainda e o grupo continua atuando mesmo com a prisão de seu principal chefe.

Para o líder da Minoria, deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP), cabe à CPI cumprir esse papel. “Não há meio termo. Ou a CPI faz esse trabalho e consegue identificar qual é o caminho percorrido pelo dinheiro da corrupção, ou fracassaremos”, disse.  Em sua opinião, está claro que a Delta utilizava empresas de fachada para se beneficiar ilegalmente. O que precisa ser esclarecido, segundo ele, é se essas firmas existiam apenas para lesar a Receita Federal ou também para repassar e distribuir recursos recebidos do governo.

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De acordo com levantamento feito pelo partido, pelo menos 18 empresas de fachada recebiam verbas da Delta. Ao todo, os repasses já identificados somam mais de R$ 413 milhões. Numa tentativa clara de centrar fogo no estado de Goiás, a CPI aprovou a quebra de sigilo de apenas seis dessas companhias, todas elas sediadas no estado. As que têm registro em outros locais não foram verificadas. No intuito de investigá-las e desvendar o caminho do dinheiro da Delta, o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), apresentou requerimento pedindo as quebras de sigilo bancário e fiscal das outras 12 empresas.

“É a primeira coisa que deve ser feita. Essas empresas precisam ser pesquisadas a fundo”, defendeu Thame. “Cabe a essa CPI investigar as empresas laranja que foram o braço financeiro dessa organização criminosa”, reforçou Carlos Sampaio (SP). Para ele, o ex-diretor da empresa no Centro-Oeste, Claudio Abreu, era um dos responsáveis pela suposta lavagem de dinheiro.

Para Domingos Sávio (MG), além da atuação da CPI, a Justiça também deveria abrir uma nova linha investigatória. Ele defendeu a abertura de investigação por parte da Polícia Federal e do Ministério Público em relação à Delta e às empresas.

Segundo Vanderlei Macris (SP), a construtora era a grande fornecedora de interesses de propinas e de campanhas políticas. Por essa razão, sua atuação é maior do que a de qualquer outro agente, inclusive Cachoeira. “O trabalho dessa CPI em relação ao Cachoeira está se esgotando, pois o trabalho da PF e do Ministério Público já conseguiu praticamente fechar o cerco à sua organização. Ele é um peixe miúdo perto da holding chamada Delta”, afirmou.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower/ Vídeo: Hélio Ricardo)

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21 agosto, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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