Iniciativa de sucesso


Colnago: enquanto o governo federal falha no combate ao crack, Alagoas dá o exemplo

Enquanto o Executivo federal falha no combate ao crack, o governo de Alagoas, comandando por Teotônio Vilela (PSDB), dá o exemplo no enfrentamento ao problema. Em dezembro do ano passado, a presidente Dilma Rousseff lançou como “prioridade” o programa “Crack, é possível vencer”, mas os resultados são insignificantes. Com orçamento de R$ 4 bilhões divididos entre quatro ministérios, o projeto vai até 2014 e tem como metas aumentar a oferta de tratamento, enfrentar o tráfico e ampliar a prevenção.

Reportagem do jornal “O Globo” mostra que, nos primeiros oito meses, pouco foi feito pela iniciativa federal no quesito tratamento. Nas duas últimas semanas, o jornal solicitou, mas não obteve do Ministério da Saúde o número de atendimentos feitos. Em contraponto, o trabalho do “Acolhe Alagoas”, política de recuperação de dependentes químicos desenvolvida pela Secretaria de Estado da Promoção da Paz (Sepaz) do governo tucano no estado, acumula casos de sucesso.

Para César Colnago (ES), que visitou as unidades do “Acolhe Alagoas”, o governo federal deveria usar como modelo o programa desenvolvido pelo estado. O centro de acolhimento recebe em média 30 dependentes químicos por dia, que passam por uma triagem e são encaminhados para acolhimento ou para tratamento psiquiátrico, segundo a “Agência Alagoas”.

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“Eles conseguem recuperar boa parte das pessoas que passam pelo problema. O resultado está sendo muito positivo. Enquanto esse programa está ajudando os usuários, o governo federal não atende os dependentes. Só faz grandes anúncios, mas efetivamente não vimos nenhum resultado”, ressaltou nesta segunda-feira (20).

O próprio ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já afirmou que o problema se tornou uma epidemia nacional. Dados da pasta apontam que, dos 3.600 mil leitos que seriam criados ou qualificados até 2014, só 79 funcionam. Das 188 unidades de acolhimento infanto-juvenil, só uma saiu do papel – em Vitória, no ES. Dos 323 consultórios de rua prometidos, só 74 abriram, ainda segundo a reportagem.

O governo de Alagoas apresentou um conjunto de ações para combater os índices de consumo de drogas no estado. Ao todo, foram liberados cerca de R$ 3 milhões. Segundo o secretário de Estado da Promoção da Paz, Jardel Adérico, o programa estabelece uma forma de relacionamento entre os serviços de saúde e de assistência social e define de forma clara onde o dependente químico pode buscar ajuda. O projeto conta com 40 unidades e cerca de 1,2 mil vagas ao ano para atender dependentes químicos.

Entre as ações apresentadas, estão a ampliação do número de leitos para tratamento de crack e da rede de assistência social voltada ao acompanhamento familiar e à inclusão de jovens usuários. Segundo o governador Teotônio Vilela, a administração do estado está articulada e assegurando com recursos um apoio para que se diferencie o traficante das vítimas da droga.

“O programa deveria servir como exemplo e se espalhar pelo Brasil. O grau de recuperação é elevado. O programa é revolucionário. O governo alagoano tem uma política de atenção e acolhimento com a preocupação de salvar os jovens das drogas”, concluiu Colnago.

Destaque nacional

→ Documento da Secretaria de Comunicação da Presidência da República informa que, de dezembro a março, o Ministério da Saúde autorizou o repasse de R$ 41,5 milhões. Ao todo, até 2014, a pasta terá direito a R$ 2 bilhões. O ministério diz que de dezembro de 2011 a junho de 2012 executou R$ 378,6 milhões, 19% do total.

→ O programa “Acolhe Alagoas” envolve 31 comunidades acolhedoras onde os dependentes químicos passam por um período de seis meses de tratamento e, ao saírem, participam de grupos de autoajuda, com acompanhamento para a reinserção nos estudos ou no mercado de trabalho.

→ O programa foi destaque nacional em 2011, quando a ministra da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, reconheceu o projeto como modelo a ser discutido para aplicação nos outros estados do país.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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20 agosto, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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