Sem diálogo

Governo do PT virou as costas para reivindicações de servidores públicos, criticam tucanos

A mobilização dos servidores públicos por melhores condições salariais e de trabalho continua intensa, mas o governo federal ainda não fez nada para resolver a situação. A falta de propostas do Planalto provocou o radicalismo dos grevistas. Deputados do PSDB criticam a falta de diálogo do PT com os trabalhadores, o que dificulta a negociação.

Raimundo Gomes de Matos (CE) considera lamentável o Partido dos Trabalhadores virar as costas para o funcionário público. “O PT ganhou as eleições, acima de tudo, com a bandeira do fortalecimento do servidor, do apoio ao funcionário público, e hoje vira as costas para reivindicações justas, causando mal-estar e desestabilizando a economia do país”, reprovou nesta quarta-feira (15).

Apesar de prometer apresentar novas propostas, após duas semanas de interrupção nas conversas o Ministério do Planejamento se limitou a ouvir os mesmos pleitos. Segundo o secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça, como o projeto do Orçamento de 2013 ainda não foi fechado, não há nada a ser apresentado aos grevistas, conforme mostrou o jornal “Correio Braziliense”.

Gomes de Matos classifica de “absurdo” o projeto do Orçamento de 2013 ainda não ter sido fechado. “É grave. O secretário dizer que não tem nada previsto mostra a falta de planejamento, a incapacidade de gestão”, afirmou. O deputado espera que a população reflita sobre essa administração e dê um basta, expurgando da sociedade os que assumem compromisso e não cumprem. “A pressão tem que ser firme. Infelizmente o que observamos é o descaso, pois ficam protelando um acordo. Temos uma data limite, pois em agosto o governo tem que apresentar a proposta Orçamentária para 2013.”

César Colnago (ES) ressaltou a necessidade de uma solução rápida para os funcionários. De acordo com ele, o PT sempre foi um incentivador das organizações dos trabalhadores, mas, na hora que está no poder, não tem a mesma visão de antes. “É preciso dialogar, pois a máquina do Estado não funciona sem os servidores. O governo tem que respeitá-los. No final das contas, quem é prejudicado é a população”, concluiu.

As greves sucessivas afetam inclusive a competitividade do país. Levantamento da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) mostra que, nos últimos oito anos, o setor produtivo foi afetado pelo equivalente a quase dois anos de greve. Esse número é a soma dos dias parados nos diversos órgãos responsáveis pela liberação do comércio exterior do Brasil, segundo reportagem do jornal “O Globo”.

Tensão em ministério

→ Depois de ouvir respostas negativas e evasivas às reivindicações salariais, funcionários do Incra invadiram sala do Ministério do Planejamento, impedindo o secretário de Relações do Trabalho de sair do local, ainda segundo a reportagem.

→ Seguranças tentaram abrir a porta, sem sucesso. O secretário-geral do Sindsep-DF,, Oton Pereira Neves, disse que ninguém sairia do local, enquanto os 30 servidores que participaram da reunião não recebessem uma proposta do governo. “Foram 151 reuniões com o Planejamento desde janeiro, para nada”, afirmou. A tensão cresceu porque, no térreo do ministério, mais de 200 grevistas fizeram uma barreira, impedindo a entrada e a saída das pessoas.

→ Em meio a uma greve de 57 dias na Receita Federal e 29 dias na Anvisa, o comércio exterior do Brasil continua perdendo. Apenas os fiscais agropecuários voltaram ao trabalho por força de liminar.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)