Uso político


Viés partidário inviabiliza negócios e prejudica desempenho da Petrobras, alerta Colnago

Pela primeira vez em 13 anos, a Petrobras registrou prejuízo nas contas. No segundo trimestre, a estatal contabilizou déficit de R$ 1,346 bilhão. O lucro líquido acumulado no primeiro semestre do ano, R$ 7,6 bilhões, foi 64% menor que o registrado no mesmo período de 2011. O 1º vice-líder tucano, deputado César Colnago (ES), acredita que erros da gestão petista prejudicam a empresa. O uso político da companhia seria o principal deles.

“Vejo que não levam em conta os referenciais técnico-administrativos e a relação de mercado de qualquer empresa capitalista. O viés ideológico e partidário acaba dando norte à direção da empresa e inviabilizando a mesma”, apontou. O tucano acredita ser necessária a revisão de decisões, como a de não reajustar o preço dos combustíveis. Apesar de ser uma demanda internacional, o governo estaria segurando uma alta no valor da gasolina e do diesel para impedir um desgaste nas eleições.

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“Colocaram uma visão partidarizada que inviabiliza os negócios. A falta de planejamento fez uma das maiores empresas do mundo ter prejuízos e diminuição de seu faturamento, algo que ninguém poderia imaginar. Isso mostra descompromisso da direção da empresa com os negócios que estava gerando para o nosso país”, criticou o deputado.

Na avaliação de Colnago, os setores elétrico e de petróleo sofrem com a má gestão federal. Promessas e alarde sempre fizeram parte das ações de Lula e Dilma para a área, que hoje colhe prejuízos. A refinaria Premium 2, localizada no Ceará e apontada como prioritária pela Petrobras, é exemplo de anúncio não cumprido. Como revela “O Estado de S. Paulo”, 18 meses após o lançamento da pedra fundamental, a refinaria não passa de um enorme terreno abandonado.

O resultado negativo no caixa da estatal poderia ser evitado, segundo especialistas, caso o governo tivesse aproveitado oportunidades. Em seminário realizado pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV) em maio deste ano, o economista Adriano Pires alertava para um futuro duvidoso na estatal. Em sua exposição, Pires destacou que o setor de petróleo no país vive uma “era de incerteza”. “Somos reféns de um tripé formado por ideologia, política e populismo”, alertou.

Na opinião do economista, o Brasil desperdiçou oportunidade para atração de investimentos em extração e exploração de petróleo depois do anúncio da descoberta da camada do pré-sal, em 2007. “Ao contrário, o setor está paralisado”, assinalou, ao lembrar que, desde 2006, a Agência Nacional de Petróleo não realiza leilões para permitir a exploração de campos de petróleo.

Para Colnago, a empresa só voltará aos trilhos quando o governo perceber que é preciso levar a sério a administração. “É necessário ter uma gestão técnica, eficiente, responsável e compromissada com o Brasil, e não com um governo ou um partido”, disse.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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6 agosto, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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