Julgamento histórico


Procurador-geral diz que mensalão foi o mais atrevido e escandaloso crime de corrupção no Brasil

Roberto Gurgel

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a condenação de 36 dos 38 acusados de participar do escândalo do mensalão. Depois de quase cinco horas de leitura, afirmou que há provas robustas contra a maioria esmagadora dos réus. Ficariam livres apenas Luiz Gushiken e Antonio Lamas pela inexistência de provas.

O relatório minucioso fez uma retrospectiva de todos os crimes comprovados em investigação do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. A denúncia, que chegou ao STF em 2007, descreve um conjunto de fatos que caracterizam crimes como lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Segundo a denúncia da procuradoria, o mensalão foi um esquema ilícito de arrecadação de recursos para pagar a parlamentares pela aprovação no Congresso de matérias de interesse do governo Luiz Inácio Lula da Silva, do qual Dirceu foi ministro da Casa Civil.

As provas foram reunidas em milhares de documentos, na documentação de dezenas de perícias, centenas de depoimento, análises da Controladoria Geral da União, Banco Central e outros. O Instituto de Criminalística da PF fez 18 perícias. “Foi, sem dúvida, o mais atrevido e escandaloso caso de corrupção e desvio de dinheiro público no Brasil”, destacou Roberto Gurgel.

Ainda de acordo com a acusação, as tarefas foram divididas entre os núcleos político, representado por José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e Silvio Pereira; operacional (Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Rogério Tolentino, Simone Vasconcelos e Geiza Dias) e o núcleo financeiro (Katia Rabello, Ayanna Tenório, Vinicius Samarane e José Roberto Salgado).

Frases de Roberto Gurgel:

“Embora não aparecesse nos atos da quadrilha, José Dirceu estava no comando das ações dos demais agentes que a ele se reportavam como líder do grupo. O grupo era integrado também por José Genoíno e Delúbio Soares.”

“O principal aqui é a divisão de tarefas. Embora atuando separadamente, não era de forma independente”.

“Para viabilizar os recursos necessários aos pagamentos aos parlamentares, o núcleo valeu-se da atuação de Marcos Valério, principal operador do esquema. Para executar esse plano, era indispensável reunir o dinheiro necessário para fazer frente aos acordos firmados”.

“Delúbio Soares transmita a Marcos Valério os valores e os nomes dos beneficiários. Ele providenciava o dinheiro e a entrega aos beneficiários, que era feita em agências bancárias e quartos de hotel”.

“Delúbio Soares integrou o grupo criminosos desde 2003, sendo o principal elo entre os núcleos político, operacional e financeiro”. Coube a ele indicar a Marcos Valério os valores e os nomes dos beneficiários dos recursos. Recebidas as indicações, Simone Vasconcelos e Geisa Dias providenciavam esses pagamentos disponibilizados pelo Banco Rural. A ação de Delúbio não se limitou a indicar os beneficiários da propina, tendo sido também o beneficiário final. O valor total recebido por Delúbio Soares foi de R$ 550 mil.

“A acusação contra José Dirceu foi cabalmente comprovada nos autos. José Dirceu tinha conhecimento de todos os acordos, sobre as vantagens mediante pagamento que eram feitas sobre seu comando”.

“As negociações ocorreram principalmente entre José Dirceu, José Genoíno. As reuniões ocorriam no Palácio do Planalto, não na sede dos partidos do PT e do PP.”.

No total, segundo a Procuradoria Geral da República, estão caracterizados os crimes de peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, gestão fraudulenta, além das mais diversas formas de fraude.

(Da redação / Foto: Carlos Humberto – STF)

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3 agosto, 2012 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Julgamento histórico”

  1. maria isabel disse:

    estou, confiante que toda essas impunidades vao ser resolvidas,acredito no stf que esta do lado dos Brasileiros,que nao desistem de lutar por um PAIS melhor e mais justo.

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