Economia paralisada


Queda na previsão do PIB revela necessidade de política fiscal e redução da carga tributária, avalia Kaefer

Uma nova política fiscal, redução da carga tributária e dos juros deveriam ser as medidas usadas pelo governo Dilma para ajudar a destravar a economia. A avaliação foi feita nesta segunda-feira (23) pelo deputado Alfredo Kaefer (PR), que se mostrou preocupado com a queda na previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). O Ministério do Planejamento cortou de 4,5% para 3% a estimativa de alta do PIB de 2012.

O governo demorou para reduzir a previsão e, mesmo assim, ainda está muito otimista diante da realidade. O jornal “O Estado de S. Paulo” mostrou, por exemplo, que o economista Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, prepara uma revisão da estimativa do PIB deste ano. O novo número ficará perto de 1,5%, metade da nova projeção do governo.

Para completar, o Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou, em relatório divulgado na última sexta-feira (20), que o Brasil precisa reequilibrar a demanda no país, direcionando mais esforços ao investimento que ao consumo.

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Segundo Kaefer, a previsão do governo é uma história já contada nas entrelinhas, mas não divulgada. Como lembrou o tucano, o FMI, quando divulgou o estudo, não contava com o PIB anunciado pelo Planalto. O próprio BC já dizia que o índice ficaria por volta de 2%. E agora já se fala em 1,5%. Na opinião do deputado, a indústria brasileira não cresce porque o governo não toma as medidas adequadas.

O parlamentar disse ainda que o país está brincando com o câmbio. Para ele, é um jogo desigual ter produtos da China, onde a carga tributária é baixa, competindo com o Brasil, que tem uma das cargas tributárias mais altas do mundo. “O governo não acordou ainda. Hoje estamos sentindo o reflexo. Acabamos produzindo menos por causa dessa situação. O Brasil deveria restringir mais as suas importações”, ressaltou.

O deputado destacou uma situação crônica que atrapalha a economia. Segundo informou, os bancos pararam de emprestar dinheiro para as pequenas e médias empresas da atividade produtiva. “Com isso, a economia deixa de girar. Os bancos não emprestam dinheiro para empresas, pois elas estão negativadas. Isso também faz com que a economia paralise. O governo precisa criar um fundo de estabilização para que as empresas tenham acesso ao crédito e os bancos possam voltar a operar com mais velocidade. Caso contrário, não vamos sair dessa letargia que o país está vivendo”, concluiu.

A frase:

“Para ajudar a destravar o crescimento econômico, só reduzindo os juros, a carga tributária e liberando mais o câmbio. Em relação a uma nova política fiscal, o resultado não seria imediato, mas faria com que a inflação diminuísse. Uma política fiscal no sentido de reduzir os gastos seria benéfica para a economia.”

Deputado Alfredo Kaefer (PR)

Valores ultrapassados

→ O governo trabalha com uma taxa Selic média de 8,86% ao ano, abaixo dos 9,86% utilizados na revisão anterior. O Orçamento também considera câmbio médio de R$ 1,95 no ano, ante R$ 1,76 utilizados em maio. A projeção de crescimento da massa salarial nominal passou de 12,01% para 12,51%. A previsão para o preço médio do petróleo em 2012 subiu 2%, de US$ 111,64 para US$ 113,87, conforme mostrou o “Estadão”.

→ O Ministério do Planejamento manteve os limites de empenho e movimentação financeira no Orçamento da União de 2012. Em maio, o corte de R$ 55 bilhões anunciado em fevereiro foi reduzido para R$ 50,149 bilhões, devido à liberação de recursos e à estimativa de aumento em gastos obrigatórios e subsídios.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

 

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23 julho, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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