Atuação partidária

Para tucanos, política externa brasileira está contaminada por viés ideológico

A diplomacia brasileira prejudica os interesses da nação ao agir com forte viés ideológico, como no episódio da deposição do presidente paraguaio Fernando Lugo. A avaliação foi feita pelos deputados César Colnago (ES), Eduardo Azeredo (MG) e Luiz Nishimori (PR) nesta segunda-feira (9).

Segundo os tucanos, a política externa do Brasil está contaminada pela pressão petista. O chanceler do Uruguai, Luis Almagro, chegou a reclamar da pressão brasileira para que a Venezuela entrasse no Mercosul após a suspensão do Paraguai.

Para Colnago, o governo tem uma visão míope ao dar um tratamento político às relações internacionais. “O Estado brasileiro, que representa a nossa população, tem que estar acima dessa linha ideológica partidária e fazer uma política externa muito mais equilibrada, sensata, pautada em determinado valores republicanos da nossa unidade federativa e não de um partido”, afirmou.

De acordo com o jornal “O Globo”, o ex-embaixador brasileiro nos Estados Unidos Rubens Antonio Barbosa acredita que o setor, tradicionalmente apartidário, passou a sofrer influência do PT na última década, o que compromete a defesa dos interesses nacionais.

De acordo com Azeredo, a diplomacia brasileira deixa os interesses nacionais em segundo plano e prioriza a ideologia com países vizinhos. “Nesse episódio do Paraguai, o governo se meteu em uma trapalhada, assumindo essa dualidade que não é de hoje que estamos denunciando, que existe um duplo comando. É lamentável que o Brasil esteja sendo diminuído por essa ação política em vez de ter uma ação apartidária, como sempre foi da tradição da diplomacia brasileira”, destacou.

A matéria do jornal “O Globo” revela ainda que, até 2002, a política externa brasileira era de Estado, de longa duração, com uma influência muito limitada dos diversos grupos de coalização que estavam no Executivo.

Segundo Nishimori,  o Brasil deveria prezar pela neutralidade e não defender a sua ideologia na relação com o Paraguai. “Política é uma coisa. A diplomacia é outra. Ainda quando se trata de um país para outro. E nos últimos anos vemos que realmente está sendo usado mais política do que diplomacia”, ressaltou.

(Reportagem: Artur Filho/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)