Avanço na investigação


CPI do Cachoeira aprova convocação de Cavendish, Pagot e prefeito de Palmas

A CPI do Cachoeira aprovou nesta quinta-feira (5) requerimentos de convocação de testemunhas para as investigações sobre a extensão do esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Foram aprovados, em conjunto, os 11 documentos que pediam a presença do ex-controlador da construtora Delta, Fernando Cavendish, e os oito de convocação do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot. O colegiado acatou ainda a convocação do prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), que aparece em vídeo negociando apoio de Cachoeira nas eleições de 2004.

Os deputados Vanderlei Macris (SP) e Vaz de Lima (SP) consideram uma vitória a convocação dos envolvidos, mas protestaram contra a ausência, na lista, do requerimento de convocação de José de Filippi, tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff em 2010. Segundo Macris, o tesoureiro cometeu improbidade administrativa quando procurou Pagot no Ministério dos Transportes para ajudar na arrecadação da campanha.

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“Acredito que a CPI agora define um rumo. Além dos depoimentos, aprovamos uma série de quebra de sigilos e documentos de informações para vários órgãos para viabilizar as investigações de maneira mais acertada. Infelizmente houve uma articulação para proteger o José de Filippi, grande arrecadador da campanha. Portanto, ficou clara a proteção do PT quando não o traz para participar da reunião”, apontou Macris.

Vaz de Lima considera injustificável não convocar o tesoureiro. Na sua avaliação, a não convocação atrapalha o andamento das investigações. E completa: “Essa é a demonstração clara que a CPI, na sua maioria, está optando pelo caminho da politização”.

No pacote aprovado, está ainda a convocação de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ex-presidente da Dersa, empresa que administra as obras rodoviárias no estado de São Paulo.  Para Vaz de Lima, o PSDB não teve dificuldade em aprovar a vinda do Paulo Preto, por isso ele esperava que o mesmo fosse feito com Filippi. “Infelizmente, a base governista protegeu”.

Um convite ao juiz Paulo Moreira Lima, que deixou as investigações sobre o esquema Cachoeira após ameaças, e a convocação da ex-mulher do bicheiro, Andréa Aprígio, também foram aprovados pela CPI. Outro convocado pela comissão é o empresário Adir Assad, dono da empresa Rock Star, que teria recebido repasses de recursos da empresa Delta. Não há data para nenhum dos depoimentos.

Atuação de laranjas

→ Fernando Cavendish, é suspeito, entre outros pontos, de utilizar a empreiteira para repasses, por meio de empresas-laranjas, ao esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira em troca de benefícios em obras. Embora a tendência seja de que Cavendish permaneça em silêncio em um futuro depoimento, ele ameaça, conforme revelou “Veja”, levar à tona detalhes de uma prática recorrente de empreiteiras: para dificultar o rastreamento de propina, as empresas repassam recursos a laranjas que, por sua vez, destinam à autoridade corrompida.

→ Em trecho captado pelos grampos da Polícia Federal, Fernando Cavendish ainda indica que tem subornado político para conseguir o controle de obras. “Se colocar 30 milhões na mão de político, ganha negócio”, diz o empresário na interceptação telefônica.

→ Também está nas mãos dele uma lista de empresas-laranja que serviriam ao esquema da Delta e das demais empreiteiras. Essas companhias, que atuam nas áreas de engenharia e terraplanagem, têm como real proprietário o empresário Adir Assad. Nesta quinta, a CPI também aprovou seis requerimentos para a oitiva da Assad.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower/ Vídeo: Hélio Ricardo)

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5 julho, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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