“Brutal incoerência”


Entrada da Venezuela no Mercosul em momento frágil é “oportunismo”, critica Mendes Thame

Para o líder da Minoria na Câmara, Antonio Carlos Mendes Thame (SP), a adesão da Venezuela ao Mercosul seria uma “brutal incoerência” e um “oportunismo mesquinho”. Segundo o tucano, a substituição do Paraguai, suspenso do bloco após o impeachment do presidente Fernando Lugo, é uma manobra descomedida para tomar decisões contrárias aos interesses daquele país. Ele questionou a mudança em discurso nesta segunda-feira (2).

Thame espera que o Parlamento do Mercosul não ratifique a decisão de Brasil, Argentina e Uruguai, que permitiu a entrada da Venezuela. “A adesão da Venezuela significará um precedente arriscado para situações futuras, em que interesses parciais possam levar à suspensão de outro país-membro, com o objetivo de propiciar decisões em favor de outros”, comentou. Segundo ele, o ideal é aguardar o retorno do Paraguai à normalidade, para então tomar uma decisão definitiva.

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Em 2009, contrariando a posição dos outros membros, o Paraguai negou a entrada da Venezuela no bloco. Como a aprovação precisa ser unânime, o país ficou de fora. O tucano receia que, se a Venezuela for realmente incorporada, impeça o retorno do Paraguai em um ato de represália e retaliação. “Isto é incoerente, do ponto de vista racional: sancionar um país membro por quebra da cláusula democrática e, ao mesmo tempo, vilipendiar outros princípios do direito internacional, como a equidade, a razoabilidade e a moralidade”, criticou.

O parlamentar condenou ainda as violações contra os princípios democráticos vistas na terra de Hugo Chávez. “Ela tem violado essas regras e os procedimentos indispensáveis à continuidade da vida democrática e ao enraizamento da democracia como bem público, haja vista que o presidente Chávez transformou o Legislativo e o Judiciário em Poderes subordinados, fundiu Estado e governo sob sua liderança pessoal, cerceou a imprensa, acabou com as limitações à reeleição, vem demitindo juízes e encarcerando opositores, conforme sua conveniência.”

De acordo com líder, o apoio do Brasil à entrada da nação vizinha no Mercosul é um sinal de que a democracia está ameaçada na América Latina. “Não podemos responder a um ato sumário com outro ato sumário, excluindo o Paraguai. Tudo isso mostra que temos também aqui na nossa democracia um longo caminho a percorrer”, afirmou.

(Reportagem: Artur Filho/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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2 julho, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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