Série de contradições


Para tucanos, CPI não avançou com depoimento desqualificado de jornalista

Deputados do PSDB consideraram desqualificado o depoimento do jornalista Luiz Carlos Bordoni à CPI Mista do Cachoeira nesta quarta-feira (27). Bordoni afirmou ter trabalhado na campanha do governador de Goiás, Marconi Perillo, em 2010. Ele disse que o pagamento foi depositado na conta de uma filha, mas não há nota fiscal ou contrato de prestação de serviço. Os valores não foram declarados por ele no Imposto de Renda.

O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), considerou grave o depoente fazer acusações contra Perillo sem apresentar provas. Para o tucano, o jornalista deveria ter comprovado suas denúncias em vez de apenas denegrir a honra de alguém.

“Assistimos acusações trazidas por alguém que descobrimos ser uma pessoa descredenciada,  com a condenação pela Justiça de 12 anos de prisão, com diversas ações por parte do Ministério Público por calúnia e difamação, com um processo movido contra ele pelo próprio governador Perillo. É uma pessoa desacreditada, sobretudo quando dá exemplos que teria recebido dinheiro de caixa 2 e resolve recolher os impostos dois anos depois da data de que em tese teria ocorrido. Há situações que deixam claro que é uma pessoa que não merece a credibilidade de um cidadão brasileiro que tem suas obrigações em dia”, condenou o líder.

Na avaliação de Carlos Sampaio (SP), a CPI não avançou em nada com o depoimento. “É uma pessoa cuja história de vida, as inúmeras condenações que teve, inclusive de natureza criminal, o desqualificam para trazer provas para essa CPI”, resumiu.

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Segundo o tucano, o jornalista reconheceu a prática criminosa de sonegar impostos. “Ele tentou o tempo todo defender-se, não trouxe nada de novo, caiu em inúmeras contradições e reconheceu aqui publicamente que cometeu um crime contra a ordem tributária porque deixou claro que não declarava aquilo que recebia das campanhas. Isso tudo desqualificou o depoimento dele dado a essa CPI”, apontou.

O jornalista se contradisse sobre o pagamento do serviço. Primeiro, afirmou que não recebeu o dinheiro por meio da empresa Art Mídia. Momentos depois, declarou que ganhou R$ 30 mil pela companhia. A campanha de Perillo registrou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o pagamento de R$ 33 mil para a Art Mídia, valor que teria sido repassado a Bordoni.

Domingos Sávio (MG) reprovou as contradições. “É um depoente que acusa o governador Perillo de ter pago com caixa dois a contratação para a campanha, mas não prova absolutamente nada. Ele se coloca numa posição contraditória quando, após acusar de forma sistemática, começa a admitir a condição de criminoso no processo porque absolutamente tudo que alega ter recebido ele sonega do imposto de renda”, destacou. “Ele se coloca como um profissional de campanha e nesse momento aparece para destruir a imagem do governador sem nenhuma prova”, completou.

O líder da Minoria na Câmara, Antonio Carlos Mendes Thame (SP), contestou as informações apresentadas pelo jornalista. “É muito difícil comprovar qualquer coisa com base nesse depoimento. Ele se autodenominou como alguém que compra briga, que não mede compromisso com a verdade quando tem um objetivo a alcançar e isso ficou claro em todos os momentos. A única coisa que ele tem comprovada é a nota fiscal da Art Mídia que constou da declaração expressa do governador. Portanto, ele está ratificando na prática aquilo que o governador diz”, ressaltou.

PSDB volta a cobrar convocação de Cavendish e de ex-diretor do Dnit

Os tucanos criticaram o direcionamento dos trabalhos da comissão para atingir o PSDB. Para os deputados, falta foco e, por isso, a investigação não avança. Os parlamentares voltaram a defender a convocação do dono da empresa Delta, Fernando Cavendish, e do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Pagot. “Eles é que sabem pra onde foi o dinheiro público que irrigou partidos políticos e foi para parlamentares e agentes políticos. Qualquer outro testemunho no atual momento não contribui em nada. Muito pelo contrário. Envergonha os trabalhos dessa CPI”, condenou Sampaio. “Enquanto o relator tiver como procedimento direcionar as investigações para tentar atingir o governador, não vamos chegar a lugar nenhum”, acrescentou.

Na opinião de Domingos Sávio, o PT usa a CPI para perseguir o PSDB. “Isso coloca em risco a democracia no Brasil. O PT se recusa a ouvir o Pagot e o Cavendish e quer insistir na discussão da venda de uma casa que era de propriedade legítima de Perillo. Fica evidente a perseguição política, esquecendo o objetivo principal que é apurar o desvio de dinheiro público, os crimes cometidos por Cachoeira e por aqueles que se envolveram com ele”, afirmou.

Convocada para depor hoje, a ex-chefe de gabinete do governador Eliane Gonçalves Pinheiro permaneceu em silêncio. Outro depoente, o presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincón, enviou atestado médico e não compareceu à CPI.

(Reportagem: Alessandra Galvão e Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Francisco Maia)

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27 junho, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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