Experiência x idealismo

Em debate na TV Câmara, Kaefer e especialistas apontam erros de governos petistas

O debate na noite de terça-feira (26) no programa “Expressão Nacional”, da TV Câmara, foi marcado por divergências sobre questões econômicas e sociais entre os deputados Alfredo Kaefer (PR) e Newton Lima (PT-SP). À experiência econômica do parlamentar tucano, resultante das suas atividades empresariais em diversos setores, contrapôs-se o idealismo do deputado petista, com base nos fatos de ser professor universitário e ex-reitor da Universidade Federal de São Carlos.

Além das diferenças de formações e atividades profissionais entre os dois deputados, o debate foi influenciado pela defesa permanente por parte do parlamentar petista dos governos Lula e Dilma, mesmo diante dos erros óbvios comentados por Kaefer, pelo diretor do Programa de Mestrado e Doutorado da Universidade Católica de Brasília, José Ângelo Divino, e pelo presidente da Associação Nacional dos Analistas e Especialistas da Infraestrutura (ANEinfra), Guilherme Floriani.

Quando abordaram os investimentos em infraestrutura necessários à superação de gargalos em várias áreas (transporte etc.) e à recuperação do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) – comentada antes por Kaefer juntamente com os problemas macroeconômicos (câmbio, juros e carga tributária) -, Divino e Floriani, criticaram, respectivamente, a corrupção atual na execução de projetos importantes porque, entre outras consequências indesejadas, eleva seus custos e há falta de planejamento quanto à superação de impactos sociais e ambientais. Hoje, segundo Floriani, há condições para que o debate sobre esses impactos seja feito de forma mais eficiente, sem necessidade de se provocar impasses como os enfrentados pela hidrelétrica Belo Monte.

Lima não rebateu às críticas de Divino e de Floriani, mas tentou, sem sucesso, desqualificar aquelas econômicas e sociais de Kaefer. O deputado petista preocupou-se em faturar politicamente a aprovação pela Comissão Especial do Plano Nacional de Educação da aplicação de 10% do PIB no setor em até 10 anos, sem levar em consideração os problemas econômicos atuais como se só a decisão tomada fosse suficiente para resolvê-los, sobretudo no futuro.

Kaefer, contudo, ponderou que a decisão tomada era realmente importante e tinha seu apoio e o do PSDB, mas que, no momento, era também importante reconhecer os erros atuais e passados da política econômica dos governos petistas, entre eles as ausências de decisões adequadas nas áreas de câmbio, juros e tributos quando se iniciou a crise bancária nos Estados Unidos, em 2008, e que se transformou em econômica com reflexos negativos em outras regiões (Europa etc.).

Essas ausências de decisões no Brasil, segundo o parlamentar tucano, permanecem até hoje e foram substituídas por outras para estimular o consumo, sendo que agora estão se mostrando insuficiente para manter o PIB crescendo a taxa média necessária para se evitar problemas sociais, como, por exemplo, a elevada inadimplência. Citou que, em maio último, ela atingiu o nível recorde de 6% com base em informação do próprio governo.

(Da assessoria do deputado, com alterações/Foto: Alexssandro Loyola)