Rumo errado


Líder volta a alertar para enfraquecimento de CPI após manobra governista

Em sua participação no “Band Entrevista”, que foi ao ar na madrugada desta segunda-feira (18), o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), avaliou o futuro da CPI do Cachoeira. O parlamentar alertou para o enfraquecimento da comissão após manobra da base governista para impedir a convocação do dono da construtora Delta, Fernando Cavendish, e do ex-diretor do Dnit Luiz Antonio Pagot. Na conversa, o tucano também analisou a conjuntura político-econômica brasileira.

Segundo Araújo, o objetivo do governo na CPI deixou de ser investigar as relações do contraventor Carlos Cachoeira com o poder público e empresas privadas. Em sua avaliação, o Planalto tenta atingir a imprensa e desacreditar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, além de atingir o governador de Goiás, Marconi Perillo.

O tucano afirma que o colegiado subverteu a ordem natural de existência das comissões de inquéritos. Enquanto na maioria dos casos a oposição luta sozinha para começar os trabalhos, o governo foi um dos principais interessados na CPI do Cachoeira. Por trás disso, havia o desespero em tirar o foco do julgamento do mensalão, previsto para o próximo semestre. “No momento em que houve uma grande insistência da base para a criação, já soava algo estranho, pois fugia do habitual. Isso agora está se confirmando”, destacou.

Até agora, o colegiado focou apenas em Perillo e no governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Araújo acredita que a principal ação ainda não ocorreu: a convocação de Pagot e de Cavendish. “Isso confirmou o que está no inconsciente da população, de que essa CPI serve para outras coisas, mas não para apurar aquilo que era o objeto da sua criação”, lamentou.

Ele lembrou que a Delta, além de ser usada nos lobbies de Cachoeira e de ter um tratamento privilegiado no estado do Rio de Janeiro, é a maior prestadora de serviços do governo federal. Araújo afirma que o governo só declarou a inidoneidade da empresa depois de forte pressão da oposição.

O líder criticou ainda a “quebra de sigilo” oferecida por Agnelo, sendo que ele já teve o sigilo rompido. A divulgação dos dados dos últimos cinco anos, como sugerida pelo petista, não inclui o período da compra de uma casa em Brasília, uma das polêmicas que ele não conseguiu esclarecer. O deputado condenou a tentativa de encontrar problemas na venda do imóvel de Perillo, que desde o início pediu para ser ouvido.

“A verdade é que o objeto da CPI, que era entender como a Delta dragou dinheiro público por meio de empresas fantasmas, até agora a CPI não quis fazer, o que causa um dano à sua imagem perante a população”, afirmou.

Endividamento das famílias – O tucano apontou falhas nas medidas adotadas pelo governo em relação à economia. Ele avalia que o Planalto sempre usa os mesmo “remédios” para dar fôlego ao setor em momentos de crise. “Há alguns anos, a população estava ávida por consumo e tinha espaço para consumir. O governo facilitou isso, mas hoje há um grande endividamento das famílias e estão forçando a barra ao empurrá-las para um nível de consumo que já não cabe em seus orçamentos. A médio e longo prazo isso é preocupante porque não sabemos qual a consequência”, disse.

O deputado criticou a adoção de benefícios para determinados setores em detrimento de outros, como feito recentemente com os automóveis – mesma fórmula adotada na crise de 2008. O tucano, que participou de missões internacionais recentemente, afirma que há uma percepção na imprensa de outras nações de que o Brasil parou. “Essa é uma conta alta que o país pode pagar”. Para ele, é importante reduzir juros, mas da maneira correta. “É preciso que façam isso em uma medida que a economia suporte. Temos uma grande atenção com a inflação, pois ela é o pior juro que a população paga”, destacou.

(Da redação/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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18 junho, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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