Provas concretas

Bittar reforça críticas de relator da CPI dos Correios contra “fantasia” do mensalão

O deputado Márcio Bittar (AC) reforçou discurso do relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que criticou as alegações de que o mensalão seria uma fantasia. Da tribuna da Câmara nessa quarta-feira (13), Serraglio listou 12 “provas” da participação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu no maior escândalo de corrupção do governo Lula. Bittar afirmou que corrobora as declarações do peemedebista.

“Serraglio traduz uma indignação que é minha também. Eu dou a minha voz a ele e assino embaixo. Eu estou solidário ao pronunciamento dele”, disse nesta quinta-feira (14). “O comportamento dele é de alguém que sabe, como toda a sociedade brasileira, que o mensalão foi absolutamente real. O governo pagou mesada para comprar o apoio do Legislativo e se perpetuar no poder. Parabéns ao deputado, que mais uma vez provou estar em sintonia com o povo brasileiro”, completou.

O tucano elogiou o trabalho de Serraglio na relatoria da CPI e reprovou as reiteradas negativas do PT sobre o escândalo na gestão Lula. “Isso é de uma desfaçatez impressionante. O ex-presidente saiu do governo dizendo que iria provar que não houve o mensalão. Eles querem reescrever a história”, criticou.

A CPI dos Correios investigou o esquema entre 2005 e 2006 e sugeriu o indiciamento de Dirceu, dentre outros parlamentares e “figurões” petistas. O relatório aprovado pela comissão e entregue à Procuradoria Geral da República desencadeou o processo criminal, que deve ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em agosto. O ex-ministro da Casa Civil é apontado pelo Ministério Público como “chefe da quadrilha”, que “agiu sempre no comando das ações dos demais integrantes dos núcleos político e operacional do grupo criminoso”.

Sessão tumultuada

A última sessão do colegiado, realizada em 5 de abril de 2005, foi marcada por tumulto e por um forte racha do PT. Na ocasião, foi aprovado o parecer de Serraglio, por 17 votos a 4. O texto foi apoiado em peso por PSDB e pelo então PFL, hoje DEM. O PMDB se absteve de votar.

“A violência com que o PT atuou na CPI dos Correios para impedir a votação do relatório final revela o desespero de quem foi pego com a boca na botija. A CPI cumpriu o seu papel de revelar à sociedade a existência do mensalão”, afirmou o então líder tucano na Câmara, Jutahy Junior (BA). “Foi dado um grande passo para resgatar a imagem do Parlamento nesta legislatura, manchada pelo escândalo do mensalão”, acrescentou.

Confira outras declarações de tucanos à época:

“O relatório desvenda o esquema sofisticado de corrupção montado pelo PT e fornece provas ao Ministério Público para a punição dos culpados. A aprovação do texto é uma vitória do país contra a impunidade.”
Senador Alvaro Dias (PR)

“Serraglio agiu com seriedade, soube ouvir a opinião dos parlamentares e se ateve às evidências. Ele não deixou que o relatório servisse como arma política.”
Deputado Silvio Torres (SP)

Compra de parlamentares

→ O mensalão, maior escândalo da gestão Lula, estourou em 2005, quando o então deputado Roberto Jefferson chocou o país ao revelar a existência de um sistema de compra de parlamentares para votar matérias de interesse do governo.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)