CPI na UTI


Base aliada protela ida de suspeitos de envolvimento com Cachoeira à CPI por medo, reprovam tucanos

Parlamentares do PSDB protestaram contra o adiamento da convocação do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) Luiz Antonio Pagot e do ex-diretor-geral da empresa Delta Fernando Cavendish na CPI Mista do Cachoeira. Nesta quinta-feira (14), o relator do colegiado, deputado Odair Cunha (PT-MG), propôs adiar a votação dos requerimentos e teve apoio da maioria governista, que retirou os pedidos de pauta. Para tucanos, o adiamento foi consequência do medo de petistas e aliados de verem revelados atos ilícitos do governo federal.

Na tentativa de aprovar as convocações, os tucanos sugeriram que as datas das oitivas fossem marcadas posteriormente. No entanto, nada surtiu efeito. O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), classificou a reunião de “vergonhosa” e “deplorável”.

O deputado Domingos Sávio (MG) chegou a apelar ao relator para que voltasse atrás e permitisse a votação da convocação de Luiz Pagot, mas Odair ignorou o pedido. “Não vamos ser coniventes com isso. Não é uma questão de ser base do governo ou oposição”, rechaçou o parlamentar. Conforme ressaltou, o ex-diretor do Dnit fez acusações contra José Serra, mas nem por isso o PSDB queria deixar de ouvi-lo.

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“Cada um dos parlamentares dessa CPI tem um dever com a nação e com suas consciências e esse dever aponta no sentido de buscar a verdade e não de jogar para debaixo do tapete. Não votar a vinda do Pagot é trair o povo brasileiro”, destacou Sávio, arrancando aplausos.

O líder da Minoria, Antonio Carlos Mendes Thame (SP), condenou o adiamento, mas considerou as convocações inevitáveis. Segundo ele, se o principal objetivo da CPI é obter provas sobre a atuação da organização criminosa de Carlos Cachoeira, as oitivas de Cavendish e Pagot são fundamentais. Ele lembra que a maioria dos contratos do Dnit tinha a Delta como a principal contratada.

Segundo Thame, os parlamentares mais veementes na defesa de Cavendish e Pagot foram os mesmos que tentaram intimidar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e a imprensa por conta do julgamento do mensalão. “Agora querem dificultar a transparência, impedir que o país saiba como funciona essa teia de corrupção”, apontou.

Fernando Francischini (PR) afirmou que “a CPI voltou para a UTI”. De acordo com ele, o relator “sepultou”, em nome do Planalto, as convocações. “O governo tem medo da oitiva de Pagot e de Cavendish, que é um dos principais doadores de campanha, não só da presidente Dilma como do comitê nacional do PT e de outros partidos”, disse.

Para o deputado, não há interesse da base aliada de ouvir Cavendish ou Pagot. Já a oposição quer explicações. “Há citações em falas de Pagot de membros do PSDB e nós não tivemos medo ou receio de apoiar a convocação. Já o governo federal deixou sua digital na proteção a uma empreiteira envolvida com o crime organizado e ao ex-diretor do Dnit”, disse.

Francischini repudiou a decisão do desembargador Tourinho Neto, que considerou ilegais as interceptações telefônicas da operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que desmontou o grupo de Cachoeira. Como consequência, também foram consideradas nulas as provas decorrentes desses grampos. “É um desserviço ao país”, lamentou.

Vanderlei Macris (SP) lembrou que os requerimentos ainda existem e a oposição vai insistir em votar a vinda de Cavendish e Pagot. “A comissão tem agora um importante papel de se debruçar sobre os documentos que estão chegando. No cruzamento de dados que vamos fazer é possível que possamos conseguir rapidamente retomar a convocação desses dois personagens”, afirmou.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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14 junho, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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