Transação suspeita
Agnelo não consegue explicar compra de casa em área nobre de Brasília
Questionado por tucanos na CPI do Cachoeira, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), não conseguiu explicar a compra de uma mansão de 550 metros quadrados situada em área nobre de Brasília. O petista se recusou até a dizer a forma de pagamento do imóvel adquirido por R$ 400 mil em 2007, como destacou o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE). No ano anterior o petista havia declarado à Receita um patrimônio um pouco maior da metade deste valor (R$ 224 mil).
A falta de justificativas consistentes apenas reforça o que foi levantado pelo deputado Carlos Sampaio (SP) na comissão de inquérito. O tucano lembrou que a juíza Priscila Faria da Silva já havia apontado a insuficiência das explicações do petista sobre a nebulosa transação.
No processo movido por Agnelo contra jornalistas que denunciaram a compra do imóvel, a magistrada cobrou a apresentação de documentos comprovando a capacidade financeira do petista, que acabou tendo que indenizar os profissionais de imprensa. “O governador foi condenado no processo por não ter confirmado que tinha recursos para pagar a sua casa”, destacou Sampaio.
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O deputado Vanderlei Macris (SP) trouxe informações que complicam ainda mais a situação de Agnelo, que respondeu grosseiramente ao questionamento do tucano sobre o valor atual do imóvel. Macris apontou o nome de um outro personagem envolvido na história: Jamil Elias Suaiden, dono da FJ Produções e cunhado de Glauco Alves Santos, proprietários da casa vendida ao petista.
Esta empresa participou de um suspeito pregão eletrônico na Agência Nacional de Vigilância Sanitária, quando Agnelo era diretor, para contratação de empresa prestadora de eventos. Os concorrentes da FJ deram lances irrisórios, a partir de R$ 23, em um pregão vencido por R$ 14 mil para realização de 260 eventos na Anvisa. O resultado foi homologado e virou ata usada por vários órgãos do governo federal, também comandado pelo PT.
A partir daí a FJ teve um salto substancial em seu patrimônio, que passou de R$ 61 mil em 2006 para R$ 103 milhões em 2010. Investigação da CGU apontou, inclusive, superfaturamento em contratos com a empresa. ”É mera coincidência essa empresa que tem dono o Jamil ter participado dessa concorrência suspeita?”, questionou Macris. Mais uma vez Agnelo não conseguiu dar explicações claras.
Para aumentar as “coincidências”, Glauco Santos é dono de uma empresa que pouco tempo após a venda da residência foi beneficiada por um ato assinado por Agnelo na Anvisa permitindo o funcionamento da companhia do empresário. Ele também é sócio de familiares do petista em franquias de restaurantes. O petista sai da CPI hoje sem que essas informações sejam devidamente esclarecidas.
(Da redação/Foto: reprodução Jornal Nacional – TV Globo/Áudio: Elyvio Blower/ Vídeo: Hélio Ricardo)
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