Negociação regular


Governador esclarece a parlamentares venda de casa e relações pessoais

Durante mais de oito horas de depoimento na CPI Mista do Cachoeira, o governador de Goiás, Marconi Perillo, esclareceu a venda de uma casa e as relações com pessoas citadas em investigações da Polícia Federal por ligações com o grupo do bicheiro. A audiência deixou deputados do PSDB convencidos de que o governo de Goiás não teve nenhum tipo de participação no esquema.

Segundo Perillo, não ouve contradição entre os depoimentos do ex-vereador Wladimir Garcez e do empresário Walter Paulo sobre a negociação do imóvel. Garcez se apresentou como comprador da residência. Fez o pagamento em cheques, mas, não podendo arcar com a dívida, repassou o negócio a Walter Paulo, que pagou em dinheiro. Luiz Fiúza, então assessor do governador, intermediou a venda.

Perillo reconheceu que não observou a assinatura dos cheques e disse que voltaria atrás no negócio caso imaginasse que algo feito legalmente poderia lhe causar tantos problemas. Os três cheques foram redigidos por um sobrinho de Cachoeira em nome da empresa Excitant Indústria e Comércio de Confecções. Após a venda, Garcez pediu a Walter Paulo que lhe desse um tempo para entregar o imóvel. Nesse período, o ex-vereador emprestou a casa a uma amiga, Andressa Mendonça, mulher de Cachoeira.

O governador esclareceu não ter tido nenhuma participação nesses fatos. Ele teve a confiança em Garcez quebrada não só por esse episódio, mas pelas citações a seu nome para ganhar crédito com Cachoeira.

Segundo o tucano, nenhum ocupante de cargo público na administração goiana foi indicado pelo bicheiro ou um de seus assessores. Segundo ele, Garcez nunca encaminhou pedidos de Cachoeira. “Sei que levou a alguns órgãos do governo pleitos da Delta. Ele recebia um valor da empresa e um menor do Cachoeira. A mim, ele nunca levou pleito da Delta e do Cachoeira”, disse. “O único pedido que recebi [do Cachoeira] foi de isenção do setor de medicamentos. Esse é um pleito comum dos empresários”, disse.

Perillo afirmou nunca ter tido qualquer diálogo com Cachoeira sobre assuntos políticos, como indicações para cargos. Ele garantiu não conhecer o ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish, e disse ter se encontrado com o diretor da empresa no Centro Oeste, Claudio Abreu, em três ocasiões casuais.

O governador negou qualquer pagamento ao jornalista Luiz Carlos Bordoni no período eleitoral, assim como pedidos de indicação para cargos do ex-presidente do Detran Edvaldo Cardoso. Como destacou, a ex-chefe de gabinete Eliane Pinheiro pediu para ser exonerada após a divulgação de áudios que apontavam o recebimento de informações privilegiadas sobre operações policiais. De acordo com o tucano, Eliane quis evitar constrangimentos para o governador por atitudes isoladas que ele garantiu desconhecer.

Quanto ao único telefonema entre Perillo e Cachoeira, o governador deixou claro que não se tratou de uma ligação sobre questões políticas. “Estava na casa de um amigo. Algum dos presentes me disse que era aniversário do Cachoeira. Perguntaram se eu queria telefonar. Lá em Goiás eu tenho o costume de parabenizar as pessoas. Eu não estava ligando pra um contraventor, mas para o dono de um laboratório de medicamentos”, explicou.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

Compartilhe:
12 junho, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *