Ações desesperadas
Pressão de petistas para adiar julgamento do mensalão revela medo da condenação, dizem deputados
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de marcar o julgamento dos réus do mensalão para os meses de agosto e setembro desagradou deputados petistas, que criticaram duramente a posição dos ministros. Apesar da pressão do PT, parlamentares do PSDB afirmaram nesta segunda-feira (11) que torcem por um julgamento isento.
Tucanos acreditam que a revolta de alas do partido se deve ao medo de ver inúmeros filiados sendo condenados às vésperas das eleições municipais. “O PT ficou soberbo, acha que não pode ser julgado. Está no poder e pensa ser uma monarquia. Acredita que manda no Judiciário e no Legislativo. Deveria ter um pouco mais de decência e deixar esse processo correr de forma legal e natural”, afirmou o deputado Nilson Leitão (MT).
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Na avaliação do tucano, José Dirceu é um exemplo de petista que “tem medo de ser julgado de forma justa e demonstrar para a população a falcatrua que foi o mensalão”. No último sábado, Dirceu participou do 16º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Ele pediu aos estudantes que façam manifestações públicas contra a sua condenação.
O desespero por ver o julgamento dos mensaleiros acontecer tomou conta até mesmo do ex-presidente Lula, que, de acordo com a revista “Veja”, pressionou o ministro Gilmar Mendes para impedir que os réus fossem julgados antes das eleições. O primeiro-secretário do PT, deputado André Vargas (PR), também criticou a decisão do Supremo. Segundo ele, as ações do STF não são cercadas da austeridade exigida. O senador Jorge Viana (AC) fez insinuações pelo fato de o julgamento coincidir com o pleito.
Para o tucano Paulo Abi-Ackel (MG), alguns petistas recorrem ao autoritarismo para fazer prevalecer seus desejos. As críticas à decisão do Supremo e à tentativa de retardar o julgamento do mensalão são exemplos disso. “É algo que revela a face autoritária de membros do partido ao perceberem o enfraquecimento do PT, que sempre defendeu a ética.”
“Todos sabemos que há um grande risco de o PT ter alguns de seus membros condenados por esse conhecido escândalo do mensalão. Por essa razão apelam para táticas ilusionistas, para a militância partidária”, apontou. Apesar disso, o tucano lembra que a sociedade quer justiça em relação ao caso. Abi-Ackel afirma confiar e torcer por um julgamento isento.
“Tenho plena convicção que o Supremo não vai se deixar influenciar por nenhuma pressão, como não se deixou influenciar pela pressão do Lula, e o julgamento será feito de acordo com as provas que estão nos autos, de forma equilibrada. Quem tiver culpa vai ser condenado”, destacou.
Os ministros do STF Marco Aurélio Mello e Ayres Brito também reagiram às declarações dos petistas. O primeiro disse que o tribunal não planejou a coincidência com as eleições e não cedeu a nenhum tipo de pressão. Já Brito ressaltou que o processo está maduro e por isso a decisão de fixar o cronograma foi unânime. O julgamento começa em 1º de agosto e os ministros divulgam os votos a partir do dia 14. A expectativa é que o resultado saia no meio de setembro, 15 dias antes das eleições.
(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)
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