Situação alarmante


Abandono de obras de infraestrutura reforça descaso do governo com o setor, alerta Gomes de Matos

O Brasil anda a passos de tartaruga quando o assunto é infraestrutura. Falta de investimento e problemas em contratos são frequentes. Nas estradas federais, por exemplo, a situação é alarmante. A crise no Ministério dos Transportes deixou como herança nada menos que 30 mil quilômetros sem contratos para manutenção e recuperação. No caso da ferrovia Norte Sul, o governo deixou vencer contratos com empreiteiras e a obra não ficará pronta em julho, como anunciado pela presidente Dilma. As informações são dos jornais “Valor Econômico” e “Folha de S.Paulo”.

O deputado Raimundo Gomes de Matos (CE) criticou o abandono de empreendimentos essenciais para o país. Na sua avaliação, a petista é incapaz de gerenciar o Brasil e levar as construções estruturantes adiante. “A cada dia se comprova a herança maldita deixada pelo ex-presidente Lula. Herança maldita na questão da ética, em relação ao aumento da corrupção, na falta de investimentos em  infraestrutura, entre outras questões”, lamentou nesta segunda-feira (4).

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Sem a Norte Sul, o país perde R$ 12 bilhões ao ano entre cargas não transportadas, tributos não arrecadados e poluição pelo uso de caminhões e afins, segundo estudo da Valec, a estatal responsável pela ferrovia. Estima-se que a via já tenha consumido R$ 8 bilhões.

Conforme lembrou o deputado, o Brasil já arrecadou mais de R$ 600 bilhões em impostos neste ano. Ainda assim, o Planalto é incapaz de dar o retorno à população, o que demonstra a falta de compromisso com os brasileiros. “As obras da transposição do rio São Francisco estão abandonadas, as ferrovias estão sucateadas, sem os investimentos necessários. Tudo isso demonstra a falta de ação da presidente, que fica só anunciando, falando, sem melhorar de fato os projetos do país”, ressaltou.

Gomes de Matos lembrou ainda que o Brasil é uma das maiores potências do mundo, mas ocupa o 84º lugar em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). “Muito dinheiro, mas a população não tem os serviços necessários em saúde, educação e infraestrutura. É triste vermos que o ex-presidente deixou essa herança e que a presidente não tem capacidade de administrar o país”, concluiu.

Segundo reportagem da Folha, Paulo da Silva estaria entre os 700 trabalhadores que finalizavam o trecho da estrada de ferro. Agora, ele é o único por ali, em Uruaçu (GO). Todos os outros se foram, mas a via não ficou pronta.

O deputado Paulo Abi-Ackel (MG) lembrou também do abandono das obras rodoviárias. O tucano fez um balanço do governo Dilma e falou do descaso da presidente com Minas Gerais, especialmente com as rodovias que atravessam o estado. Minas possui a maior malha rodoviária do país.

Quilômetros de confusão

→ Entre Palmas (TO) e Anápolis (GO), a obra está 95% concluída. Sem o término, barrancos caem ao longo da ferrovia, trilhos estão assoreados e com o mato crescendo. Como a Valec deixou vencer os contratos com as empresas, uma nova licitação ou uma contratação de emergência terá que ser feita. Se isso não acontecer até o fim da temporada seca (que termina em outubro), a estimativa é que os complementos só fiquem prontos no fim de 2013.

→ Dos 54,5 mil quilômetros de rodovias públicas administradas pelo Dnit, nada menos que 30 mil quilômetros estão sem contratos de obras de manutenção e recuperação desde 2008.

→ O próprio diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Jorge Fraxe, reconhece a gravidade da situação. “A doença do Dnit se chama projeto. O que eu encontrei aqui foram 30 mil quilômetros de confusão. São contratos vencidos, outros barrados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), outros abandonados, todo tipo de problema”. A situação se arrasta há quatro anos.

→ Até o fim de 2011, a meta do Dnit era desembolsar R$ 16 bilhões em obras atreladas ao Crema 2ª etapa, cobrindo os 30 mil km com obras. A estimativa é contratar cerca de 11 mil km até o fim do ano. O desembolso total da autarquia, envolvendo projetos mais complexos, como duplicação de rodovias e construção de viadutos e pontes, deve ficar em torno de R$ 10 bilhões.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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4 junho, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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