Retrocesso no SUS


Médicos vão à Câmara para repudiar ato do Planalto que reduz salários pela metade

Médicos de todo o país estarão em Brasília nesta terça-feira (5) para acompanhar audiência pública para analisar e debater pontos polêmicos da Medida Provisória 568/12. A MP assinada pela presidente Dilma reduz pela metade o salário de cerca de 50 mil médicos que atuam em hospitais públicos federais e de ensino, entre outras instituições. A audiência pública está prevista para começar às 14h no Auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados. Mas desde cedo os profissionais da saúde pretendem estar no Congresso para conversar com os parlamentares de seus estados e apresentarem seus argumentos contra o ato do governo petista.

“A redação apresentada pelo governo federal representa um desrespeito a toda a classe dos médicos integrantes das diversas carreiras do serviço público federal e um verdadeiro retrocesso para a área de saúde”, apontou a deputada Andreia Zito (RJ), integrante da comissão mista que está analisando a medida provisória. O debate é promovido por este colegiado em conjunto com outras quatro comissões da Câmara. A tucana apresentou emendas ao texto para tentar aperfeiçoá-la.

No dia 12 de junho, os conselhos de medicina, com apoio de outras entidades representativas, organizarão um protesto nacional contra a MP 568 e em defesa da qualidade da assistência no Sistema Único de Saúde (SUS). As entidades querem chamar a atenção da sociedade para o impacto negativo da decisão para o atendimento da população, especialmente nos hospitais universitários e de federais.

Em nota aprovada também na reunião do último dia 1º (leia a íntegra abaixo), o Conselho Federal de Medicina e os 27 conselhos estaduais expressam sua preocupação e repúdio com relação aos artigos da MP 568 que cortam a remuneração dos médicos em até 50%. O presidente do CFM, Roberto Luiz D’Avila, é um dos convidados para o debate.

(Da redação com informações do CFM)

Manifesto contra a redução dos salários dos médicos do serviço federal

“O Conselho Federal de Medicina (CFM) e os 27 Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) aprovaram, em reunião no dia 1º de junho, documento pelo qual manifestam publicamente seu repúdio aos artigos da Medida Provisória 568/12, que reduzem em até 50% os salários dos médicos servidores públicos federais (ativos e inativos).

Este ato do Governo gera graves consequências para a qualidade da assistência oferecida à população, já penalizada pelos inúmeros problemas relacionados ao SUS. Da mesma forma, penaliza o ensino médico, inclusive na fase de pós-graduação (Residência Médica), comprometendo-se assim a formação dos futuros médicos.

É inegável o desestímulo que a MP 568/12 traz para os 48 mil médicos vinculados ao serviço público federal que, diante da possibilidade de redução significativa de seus ganhos, podem abrir mão de suas funções, abrindo lacunas nas equipes já reduzidas que atendem nos consultórios e hospitais e que se ocupam da formação dos alunos e residentes.

A MP 568/12 representa um retrocesso nas relações de trabalho no país, nos artigos de 42 a 47, por meio dos quais são impostos aos atuais e futuros servidores médicos jornadas em dobro sem acréscimo de vencimentos, redução dos salários em até 50% e corte dos valores pagos por insalubridade e periculosidade.

O texto desconsidera arcabouço legal, como a Lei 3999/61, que estabelece carga horária semanal de 20 horas para médicos, e a Lei 9436/97, que permite aos médicos que já trabalham 20 horas solicitar outras 20 horas, ficando com um total de 40 horas semanais, estendendo-se integralmente tal benefício à aposentadoria e às pensões. Além disso, a Constituição Federal, em seu artigo 37, veda a redução de vencimentos.

A chamada Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada (VPNI), criada para compensar as perdas, inviabiliza o recebimento de gratificações e progressões previstas. Trata-se de um instrumento que implica num tipo de congelamento dos salários dos médicos atingidos.

Apelamos aos parlamentares federais, agora encarregados de avaliar a admissibilidade e o mérito dessa Medida Provisória, para que efetuem as correções necessárias na proposta. Da mesma forma, convidamos o Governo Federal para um debate que efetivamente contribua para a qualificação do ensino médico e da assistência em saúde.

Entre as medidas propostas pelas entidades médicas, constam o aumento do orçamento da saúde e a adoção de políticas públicas que valorizem o profissional, como a criação de uma carreira de Estado para o médico do SUS, garantindo-lhe remuneração adequada e condições de trabalho dignas para assegurar o bom atendimento da população.

Por fim, conclamamos a sociedade – a maior prejudica com a edição da MP 568/12 – a unir forças contra os abusos praticados, sendo que, desde já, os Conselhos de Medicina se colocam na linha de frente na defesa dos direitos assegurados aos trabalhadores e aos pacientes de acesso ao atendimento de qualidade.

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
CONSELHOS REGIONAIS DE MEDICINA”

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4 junho, 2012 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Retrocesso no SUS”

  1. Anna Rios disse:

    É a maior prova de desreipeito ao trabalhador e à contituição da História do nosso país. A intransigência do governo nos leva a crer que a democracia não existe. Para piorar os meios de comunicação censurados fingem nada estar acontecendo. Chega de MP absurdas

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