Ânimos exaltados


Deputados criticam silêncio de Demóstenes na CPI do Cachoeira

O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) se negou a falar na CPI Mista do Cachoeira nesta quinta-feira (31). O parlamentar utilizou-se do direito constitucional de se manter calado sob a alegação de que já deu explicações na terça-feira (29) no Conselho de Ética. Os parlamentares do PSDB lamentaram o silêncio do senador, que motivou bate-boca durante a sessão.

“A nosso ver foi um equívoco dispensá-lo, pois a CPI não tem nada a ver com o Conselho de Ética”, afirmou o líder da Minoria, deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP). Para o tucano, a presidência deveria ter permitido que as perguntas fossem feitas para instigar o senador a falar. “Queríamos saber qual seu relacionamento com a Delta, como lobista. Como se dava essa ligação entre o Estado e os representantes de empresas privadas com objetivo primordial de desviar recursos do erário”, disse.

No entanto, uma discussão acabou precipitando o término da sessão. O deputado Silvio Costa (PTB-PE) questionou a postura do senador e chegou a chamá-lo de “hipócrita” e “mentiroso”. O senador Pedro Taques (PDT-MT) defendeu o direito de Demóstenes de ficar calado e o deputado retrucou aos gritos. Os tucanos Carlos Sampaio (SP), Fernando Francischini (PR) e Vanderlei Macris (SP) consideraram exagerada a atitude do deputado.

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“É inadmissível permitir uma conduta indigna para com qualquer réu que venha a essa CPI”, destacou Sampaio. O parlamentar foi designado para acompanhar os depoimentos dos indiciados pela Polícia Federal em Goiás. Sampaio irá representar a CPI e acompanhar os interrogatórios, que começaram hoje em Goiânia. A comissão deverá utilizar as informações obtidas nessas oitivas para avanças nas investigações.

Apesar de considerar o silêncio de Demóstenes desrespeitoso com o colegiado, Francischini avalia que seu depoimento pouco acrescentaria. Segundo ele, a CPI começou a avançar e os parlamentares não podem perder o foco com discussões. “Temos que serenar os ânimos para poder avançar. Essa CPI não existia até ontem e só hoje começou a existir pra valer”, afirmou, ao avaliar que os primeiros passos do colegiado foram dados na quarta-feira (30) com as convocações dos governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).

Macris criticou em plenário o bate-boca entre os parlamentares. “Quero estabelecer o meu total repúdio a essa cena que presenciei na CPMI, esperando que a partir de agora todos nós usemos como exemplo do que não se deve fazer nos trabalhos da comissão”, disse.

As oitivas com os governadores já foram marcadas: Perillo deverá comparecer ao colegiado dia 12 de junho e, Agnelo, dia 13. Pelo Twitter, o líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE), ressaltou que o partido defendia a vinda de Perillo já na próxima terça-feira (5). O tucano esteve no colegiado nesta semana e se dispôs a dar as explicações necessárias.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola / Áudio: Elyvio Blower)

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31 maio, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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