Tragédia anunciada


Retração na projeção de crescimento do PIB confirma alertas de tucanos

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ficará bem abaixo dos fantasiosos 4,5% projetados inicialmente pelo governo federal, como já vinham alertando economistas e parlamentares do PSDB. O próprio Executivo já admite uma evolução menor que a estimativa inicial. Na segunda-feira (28), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu à agência “Reuters” que a elevação deve ser de 3%. De acordo com dados do boletim Focus, elaborado pelo Banco Central e divulgado ontem, a projeção é ainda menor: 2,99%. Para os deputados Alfredo Kaefer (PR) e Vaz de Lima (SP), tudo se deve à falta de medidas corretas para alavancar o crescimento.

“É a tragédia anunciada. Na prática, já sabíamos disso. Todos os indicativos e as atitudes do governo sinalizavam que não chegaríamos aos 4,5% que eles vinham apregoando”, destacou Kaefer. O tucano é enfático ao dizer que não acredita no crescimento das riquezas do país no mesmo patamar de 2011, quando o índice atingiu tímidos 2,7%. “Se você quer crescer, tem que tomar as atitudes necessárias e investimento em infraestrutura, boa aplicação do superávit, mas nada disso está acontecendo”, apontou.

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Na avaliação do tucano, as últimas ações do governo foram sinais de desespero. Na semana passada, o Planalto anunciou medidas de estímulo, desonerando o crédito e a indústria automotiva, diante dos fracos indicadores de abril. Analistas avaliam que as iniciativas terão pouco impacto. “Esperávamos atitudes na área produtiva e onde estão essas ações?”, indagou.

De acordo com o deputado, a gestão petista repete a fórmula adotada diante da crise de 2008: beneficiar setores específicos e estimular o consumo, mas nada de ações capazes de produzir crescimento sustentável a médio e longo prazo.

“Na verdade são os fundamentos básicos que eles não estão fazendo, como a redução dos gastos, investimento em infraestrutura e aí automaticamente poderia haver uma baixa de juros consistente e não essa artificial que está sendo produzida”, destacou, ao enfatizar ainda a demora do governo em controlar a supervalorização do real, que provocou um processo de desindustrialização.

Os problemas na indústria continuam e mostram que as medidas pontuais têm produzido pouco efeito. Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que cresceu o número de setores superestocados na indústria de abril para maio, o que dificulta a retomada da produção neste trimestre. Entre janeiro e fevereiro, eram três, agora são seis os setores nesta situação: material de transporte, mobiliário, mecânica, têxtil, vestuário e calçados e minerais não metálicos.

A pesquisa considera setores superestocados aqueles em que o saldo entre o número de empresas com estoques excessivos e insuficientes é igual ou maior do que 10%.

Vaz de Lima acredita que são necessárias medidas efetivas com vistas ao estímulo da economia e que discursos não são suficientes para influenciar o mercado. “Infelizmente os que controlam a política monetária do país imaginam que o índice de popularidade da presidente seja suficiente para conter o mercado e impulsionar o crescimento. Isso não se faz com decretos e promessas, e sim com trabalho” ressaltou. O parlamentar acredita que temas como redução da carga tributária e corte de despesas precisam entrar na pauta do Executivo com urgência.

Projeção pessimista

-> À “Reuters”, o ministro disse que o país cresceu de 0,3% a 0,5% entre janeiro e março, projeção até mais pessimista que as do mercado, que giram entre 0,4% e 0,7%. O dado oficial do IBGE sai sexta.

-> O Copom (Comitê de Política Monetária do BC) começa hoje uma reunião de dois dias para avaliar a atividade econômica. A expectativa predominante é de que o BC fará amanhã o sétimo corte seguido da Selic, reduzindo-a de 9% para 8,5% ao ano, menor patamar histórico. Mais um corte de meio ponto é esperado para julho, com a Selic fechando o ano a 8%. Mas muitos não descartam cortes mais agressivos, nem que taxa caia abaixo de 8%.

-> Além da previsão na queda do PIB, as projeções para o valor do dólar ficaram acima do estimado, passando de R$ 1,85 para R$ 1,90 até o final deste ano.

(Reportagem: Djan Moreno com informações do site do PSDB/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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29 maio, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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