Perillo seguro

Líderes destacam quebra de sigilo nacional da Delta e disposição de Perillo para prestar esclarecimentos

A CPMI do Cachoeira aprovou nesta terça-feira (29) a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico em âmbito nacional da construtora Delta. A medida era defendida pelos parlamentares tucanos desde o início dos trabalhos da comissão, há cerca de um mês, e foi comemorada pelos líderes do PSDB, deputado Bruno Araújo (PE), e da Minoria, Antonio Carlos Mendes Thame (SP). O governador de Goiás, Marconi Perillo, foi pessoalmente ao colegiado e se ofereceu para prestar esclarecimentos. No entanto, a convocação de governadores, prevista para ser votada na reunião de hoje, foi novamente adiada.

“Não sei o que os outros partidos estão passando para a opinião pública, mas o governador do PSDB veio pessoalmente e pediu para falar. É uma demonstração da segurança que ele e o partido têm de que todos os fatos sejam esclarecidos”, destacou Bruno Araújo. Perillo apresentou ao colegiado um pedido para depor, mas o presidente Vital do Rego (PMDB-PB) descartou, ao afirmar que isso só poderia ocorrer após ele ser convidado ou convocado.

A negativa de ouvir o governador goiano demonstra, na opinião de Mendes Thame, certo temor da base governista de que outros governadores também sejam convocados. Requerimentos de convocação ao peemedebista Sérgio Cabral (RJ) e ao petista Agnelo Queiroz (DF) também seriam apreciados hoje, mas uma questão de ordem levantada pelo deputado Gladson Cameli (PP-AC) adiou a votação. O argumento é de que a CPI não teria a prerrogativa de convocar chefes dos poderes executivos estaduais, apenas de convidá-los.

Os tucanos afirmam que a atitude de Perillo demonstra que o tucano tem condições de dar todas as explicações necessárias para comprovar que não tinha qualquer participação no esquema de Carlos Cachoeira. “Quem não deve, não teme. O temor de ser convocado não é do governador Perillo e isso ficou muito claro na reunião”, afirmou Mendes Thame.

Em carta entregue à presidência da comissão, Perillo se coloca ao dispor dos parlamentares para dar todos os esclarecimentos necessários. Ele lembra que pediu à Procuradoria-Geral da República para instaurar inquérito e investigar sua conduta assim que surgiram, na imprensa, as primeiras menções ao seu nome em suposto envolvimento com o esquema criminoso. “Da mesma forma e rigorosamente com o mesmo objetivo, me coloco à inteira disposição para prontamente vir a esta digna comissão para esclarecer o que for de direito”, afirma em trecho da carta.

Os líderes afirmam que a abertura do sigilo nacional da Delta foi o primeiro passo importante dado pelo colegiado. “É a primeira ação que aponta com consistência a seriedade da CPI”, destacou Bruno Araújo. “A partir daí se abre um novo rumo nos trabalhos”, completou Thame. Segundo ele, a comissão não pode ficar refém dos interesses do PT e aliados, que desde o princípio tentaram “constranger a imprensa e o procurador-geral da República, fragilizar a oposição e desviar o foco do julgamento do mensalão”.

De acordo com Bruno Araújo, o acesso às movimentações da empresa, maior contratada para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, será importante para demonstrar que as operações da Delta em Goiás tiveram início em governos anteriores ao de Perillo. Além disso, o líder acredita que serão evidenciados os faturamentos bilionários da empresa com o Executivo federal.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower/ Vídeo: Hélio Ricardo)