Cenário preocupante


Governo enfraquece Petrobras e provoca incertezas na exploração do pré-sal, alerta especialista

“O Brasil está correndo o risco de perder uma oportunidade histórica com o pré-sal”. O alerta foi feito nesta terça-feira (29) pelo presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, durante mais uma rodada de debates promovidos pelo Instituto Teotônio Vilela e pelo PSDB para discutir uma nova agenda para o país. O evento reuniu deputados e senadores tucanos, que ouviram do economista um diagnóstico preocupante dos rumos da Petrobras e da exploração da nova camada de petróleo no governo do PT.

Em sua palestra, o especialista foi incisivo: se mantido o atual cenário de incerteza que paralisa o setor, o país continuará perdendo oportunidades e investimentos. Parte do problema é provocado pela gestão politizada e ineficiente da Petrobras. A mudança do regime de exploração do modelo de concessão para o de partilha, patrocinado pelo governo Lula em 2010, também provocou retrocessos. O PSDB foi contra a alteração, mas acabou derrotado no Congresso pela esmagadora maioria governista naquele ano. Dois anos depois o Brasil paga o preço do erro.

Deputados criticam exploração eleitoreira do tema pelo PT e lamentam retrocessos em estatal

Pires citou exemplos e fez comparações para comprovar o cenário delicado. Neste mês, por exemplo, a Petrobras perdeu a liderança em valor de mercado na América Latina para colombiana Ecopetrol. Nos últimos 10 anos, a situação da companhia nunca foi tão ruim. No Brasil, a empresa petrolífera não consegue ampliar a produção, não há novo leilões de exploração desde 2008 – provocando perdas de US$ 15 bilhões anuais -, e as importações aumentam, apesar da auto-suficiência tão propagada pelos petistas na campanha eleitoral. Enquanto isso, países como Estados Unidos, Canadá e Colômbia se fortalecem cada vez mais.

Além disso, a mudanças das regras vigentes desde 1997 provocou uma verdadeira disputa entre estados e municípios produtores e não produtores pelos royalties. A questão ainda não foi resolvida e motivou uma vaia dos prefeitos à presidente Dilma neste mês. Para se ter um ideia de comparação, após a Lei do Petróleo de 1997 a produção do insumo aumentou 150% no Brasil. Apesar dos ganhos, o governo petista optou por mudar algo que estava dando certo. No novo modelo, a Petrobras tem o monopólio para operar todos os campos do pré-sal leiloados, mas ainda não há sequer garantias de que conseguirá fazer essa exploração de forma eficaz, segura e ambientalmente responsável.

“Até aquele ano a Petrobras era pequena e não tinha expressão. A abertura permitiu a internacionalização da empresa, com aumento exponencial do valor de mercado, tornando-a uma das maiores petroleiras do mundo”, destacou. No entanto, em virtude das decisões erradas do governo petista, o país vive um momento que pode ser resumido pelo título da palestra de Adriano Pires: “Pré-sal: as incertezas que deixam o Brasil para trás.”

(Reportagem: Marcos Côrtes/Foto: George Gianni)

 

 

 

 

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29 maio, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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